Guimarães: Matou mecânico por este não lhe devolver máquina de centralinas

Julgamento por homicídio qualificado em novembro
Imagem ilustrativa

Matou, em novembro de 2023, com um golpe de uma navalha de ponta e mola, um mecânico, de 31 anos, numa oficina em Azurém, Guimarães. Vítor Pereira, de 34 anos, que está preso preventivamente, vai ser julgado, dia 28, no Tribunal local pelos crimes de, homicídio qualificado, agravado pelo uso de arma, e detenção de arma proibida.

A acusação refere que o arguido foi, no dia 07, à oficina “V6 Racing”, na Rua da Pousada, Azurém, onde a vítima, Félix Agostinho Martins Fernandes, trabalhava, pedir a restituição de uma máquina de diagnóstico de centralina que lhe emprestara. Isto, “após diversas insistências infrutíferas pela sua devolução”. Por isso, discutiram e o Vítor Pereira deu-lhe uma facada no tórax.

Contactado pelo O MINHO, o advogado João Ferreira Araújo, de Braga, que defende o agressor, disse que a acusação “não reflete a verdade do que aconteceu, nomeadamente quanto às circunstâncias da agressão”.

Queria reaver a máquina

O Ministério Público concluiu que o arguido combinou com um amigo, Paulo Abreu, – este ilibado no inquérito – deslocar-se à oficina para, “de uma vez por todas”, a reaver. Para tanto, muniu-se de uma soqueira com lâmina de ponta e mola incorporada e oculta. Assim, chegaram pelas 09h50m, tendo o Paulo Abreu estacionado o veículo à entrada. A vítima, desagradado com o bloqueio da entrada, ordenou-lhe que estacionassem uns metros atrás, ao que aqueles acederam. Aí, o arguido saiu e dirigiu-se até junto da oficina, abordou o Félix Fernandes e pediu-lhe a devolução da máquina, o que não sucedeu, levando a que os ânimos se exaltassem, ambos elevando o tom de voz e esbracejando.

Mantendo os ânimos acesos, – prossegue a acusação – a vítima mandou o arguido sair do local “senão era pior”, e dirigiu-se ao carro onde se encontrava o Paulo Abreu e, ali chegado, junto à janela do lado do condutor, deu-lhe uma pancada no sobrolho direito.

De imediato, o arguido abeirou-se do Félix Fernandes, com a soqueira que trazia oculta no bolso do casaco e, acionou a mola, para a lâmina sair, desferindo-lhe um golpe, no tronco, na zona das costelas, do lado direito, “surpreendendo-o e tornando impossível a sua defesa”. Logo a vítima cambaleou em direção à oficina, enquanto que o Vítor Pereira abandonou o local.

O MP anota que o Félix Fernandes sofreu trauma abdominal penetrante, e laceração hepática, bem como fratura transfixiva de costela, e consequente hemorragia .

Apesar de imediatamente conduzido pelo dono da oficina, Luís Miguel de Andrade, à Urgência do Hospital Senhora da Oliveira, onde foi prontamente operado, acabou por sucumbir; às 23:55, à gravidade dos ferimentos.

Agiu com premeditação

O magistrado sustenta que, ao delinear o plano na véspera dos factos e ao munir-se da soqueira com lâmina incorporada, o arguido agiu com frieza de ânimo e premeditação, de forma planeada e refletida, firme na decisão de reaver a máquina ou matar a vítima. Bem sabia que a soqueira como arma de agressão, de forma enganosa, oculta o poder mortífero da lâmina uma vez accionada e que significativamente o superiorizava perante a vítima.

 
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