“Toda a literatura é uma utopia” é o mote do festival Utopia, que, este ano, decorre entre 15 e 24 de novembro, em Braga, com mais de 100 atividades.
O programa foi apresentado, esta segunda-feira, em conferência de imprensa pelo presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio e pelo diretor geral da The Book Company, Paulo Ferreira. O encontro contou também com a presença da vice-reitora da Universidade do Minho, Joana Aguiar e Silva.
Ricardo Rio referiu que o Festival Literário Utopia que surgiu como um desafio ao município de Braga “é um reconhecimento do trabalho exemplar que a cidade tem realizado nas dinâmicas culturais, promovendo a literatura e o diálogo entre as artes.”
Lembrando o sucesso da primeira edição da iniciativa, em 2023, o autarca antecipa novo êxito para 2024, “corroborado por uma programação diversificada, marcada pela presença de um leque de autores nacionais e internacionais que teriam lugar em qualquer grande festival literário do mundo”.
Para o presidente da Câmara, citado no comunicado, “o Festival Utopia é, desde logo, uma alavanca para a concretização de muitos outros objetivos. Não é um ato isolado, o Festival recorre de uma aposta muito consistente que o município de Braga tem feito na promoção do livro e da literatura”. E rematou: “se toda a literatura é uma Utopia, qualquer utopia pode ser uma realidade na cidade de Braga”.
Promovido pela The Book Company, com o apoio da Câmara de Braga, o Utopia pretende afirmar-se no circuito dos grandes eventos culturais e literários, colocando a ‘cidade dos arcebispos’ no mapa do turismo literário e criando uma oferta cultural identitária replicável internacionalmente.
Ciclos temáticos: debater a Europa e explorar o policial
Em 2024, o Utopia apresenta dois ciclos temáticos que servem de eixo orientador para várias actividades da programação. Abordando a Europa de uma perspectiva cultural, e reflectindo sobre a inspiração utópica do projecto europeu, o ciclo Utopia Europa – com actividades concentradas nos dias 22 e 23 de Novembro – propõe-se a estimular o debate sobre um espaço comum, cultural e político, edificado sobre a premissa “unidos na diversidade”.
Bruno Dias Pinheiro – representante da Assembleia da República Portuguesa junto das Instituições da União Europeia – é responsável pela curadoria do ciclo, assumindo ainda a condução do podcast “Biblioteca Europa”. O primeiro, com Alexandre Quintanilha como convidado, está já disponível no Spotify.
Alguns dos momentos mais aguardados do Ciclo Europa incluem, ainda, uma sessão com novos eurodeputados – Francisco Assis, Sebastião Bugalho e João Cotrim de Figueiredo – e um painel que reúne vencedores do European Union Prize for Literature, nomeadamente Haska Shyyan (Ucrânia), Beqa Adamashvili (Geórgia) e Amine Al Ghozzi (França, Tunísia).
Destaque, entre os momentos de conversa integrados no ciclo, para a presença de Paul Caruana Galizia, filho de Daphne Caruana Galizia – jornalista maltesa assassinada no seguimento de trabalhos de investigação sobre corrupção – e autor do livro “A Death In Malta”.
O jovem escritor e repórter junta-se a Paulo Rangel, ministro dos Negócios Estrangeiros, para trocar ideias sobre o tema «A Europa como utopia é possível?», no dia 23 de novembro, às 15:30, na Capela do Espaço Vita.
Já o ciclo Utopia Negra, que convida a descobrir a literatura policial e o thriller, concentra-se nos dias 23 e 24 de novembro. Uma das propostas “foge à regra”, percorrendo vários dias do Festival: o curso “Direito e Literatura” – uma parceria com a Universidade do Minho, com inscrição gratuita, mas obrigatória –, composto por três sessões onde cada convidado se propõe a analisar duas obras, colocando em contraponto a visão literária e a do direito.
As primeiras sessões, a 16 (10:00) e 18 de novembro (18:00), na reitoria da Universidade do Minho, vão contar com a presença, respectivamente, de Álvaro Laborinho Lúcio e Isabel Pires de Lima. Pedro Mexia é o convidado da terceira sessão, que terá lugar no dia 23 de novembro, às 10:00, no Espaço Vita.
Em destaque na programação dedicada aos fãs do “crime”, está, também, a presença do fenómeno de vendas Carmen Mola – grupo de três escritores, representado no Utopia por Jorge Díaz Cortes –, na mesa-redonda “Águas Profundas”. O jornalista Pedro Boucherie Mendes e a escritora sueca Camilla Grebe juntam-se ao debate, que vai decorrer a 23 de novembro, às 16:30, no Auditório do Espaço Vita.
Outras sugestões do ciclo Utopia Negra incluem a sessão interativa «A sangue frio: como se mata na literatura policial», com os escritores João Tordo e Filipa Amorim (23 de novembro, 16:00, no Auditório Espaço Vita) e o curso “Como escrever uma série policial?”, com a guionista Patrícia Müller (24 de novembro, 10:00, na Sala P. António do Espaço Vita).
À conversa com “mestres” da palavra, da cultura e da vida
Paralelamente aos dois ciclos temáticos, o Utopia vai receber outros nomes sonantes. De entrevistas de vida com Paula Hawkins, Gonçalo M. Tavares e Rodrigo Guedes de Carvalho, a conversas com Aline Bei, Capicua ou José Luís Peixoto, as diferentes propostas da programação garantem a passagem de mais de uma centena de convidados por Braga.
Jeremy Dauber, especialista em estudos judaicos, vem dos Estados Unidos da América directamente para Braga. “Os Judeus e a Comédia: uma conversa entre o seu autor e um indivíduo chamado Ricardo Araújo Pereira” é o nome da sessão que, no dia 23 de novembro, às 14:30, vai juntar o autor norte-americano e o humorista português no Auditório do Espaço Vita. A entrada é gratuita.
Os podcasts ao vivo integram as novidades desta edição do Utopia.
No dia inaugural, às 18:00, o podcast “O Investidor Inteligente” reúne Susana Peralta e Emília Vieira em torno do tema “As Mulheres e o Dinheiro”, no Auditório do Espaço Vita. Já no dia 16, às 15:00, a Capela do Espaço Vita recebe uma gravação ao vivo de «Vale a Pena», podcast conduzido por Mariana Alvim, com Miguel Sousa Tavares como convidado. No último dia do Festival, Raquel Marinho convida José Luís Peixoto (15:00) e Capicua (17:00) para edições ao vivo do projeto “O poema ensina a cair”, a decorrer na capela do Espaço Vita.
Festival Utopia aposta na diversificação
Sobre a segunda edição do festival literário, Paulo Ferreira, diretor da The Book Company, refere: “Depois de uma edição de estreia com grande adesão por parte do público bracarense e de outras origens, queremos continuar a expandir horizontes. Este ano, chegamos a mais espaços da cidade, exploramos novos formatos, temas e reforçamos a presença de autores de renome e apostamos em actividades que apelam à participação do público, como os cursos e masterclasses”. João Tordo, Carlos Tê e Martim Sousa Tavares fazem parte do grupo de personalidades que vão partilhar com os participantes alguns dos segredos da escrita, em todas as suas vertentes.