O presidente da Câmara de Vila Nova de Famalicão revelou hoje que “algumas empresas do concelho já manifestaram disponibilidade e interesse” em contratar trabalhadores da Coindu, que avançou com um despedimento coletivo de 123 funcionários.
“Contactamos mais de duas dezenas de empresas do concelho e podemos até adiantar que destes contactos temos já algumas respostas positivas com algumas empresas a manifestarem disponibilidade e interesse para contratar alguns destes trabalhadores”, adianta Mário Passos (PSD), numa reação à decisão da empresa, enviada à agência Lusa.
O autarca lembra que Famalicão “é um concelho marcadamente têxtil” e que o tecido empresarial local “pode dar uma resposta ao nível da absorção destes recursos humanos”, que trabalhavam na empresa de componentes têxteis para o setor automóvel.
Em comunicado enviado à Lusa na quinta-feira, a Coindu de Famalicão justificou a decisão de avançar com o despedimento coletivo de 123 trabalhadores e o ‘lay-off’ de 237 com a “grave situação de crise” que enfrenta neste momento.
O presidente da câmara de Famalicão olha para “toda esta situação com natural preocupação”, acrescentando estar a “trabalhar proativamente com várias entidades do concelho para que as respostas a esta situação inesperada não demorem”.
“Desde logo com o IEFP (Centro de Emprego) – para que estes trabalhadores possam ver a sua inscrição concretizada o mais rápido possível e para que possam beneficiar rapidamente do subsídio de desemprego. Com a própria COINDU – para que as negociações com os trabalhadores sejam céleres e para que vejam cumpridos todos os seus direitos”, sublinha Mário Passos.
No comunicado remetido na quinta-feira, a Coindu refere que “deu início a dois procedimentos de reestruturação organizativa”, nomeadamente um de ‘lay-off’, que abrangerá aproximadamente “237 trabalhadores, com a duração inicial de seis meses”, e um “despedimento coletivo”, de cerca de 123 trabalhadores, “dada a inexistência de alternativas por força da atual e projetada redução de atividade”.
Segundo a empresa de componentes têxteis para o setor automóvel, a “crise automóvel na Europa é conhecida e decorre de uma confluência de fatores económicos (forte recessão económica e consequente incerteza de mercado), ambientais e regulatórios (veículos elétricos e o seu elevado custo), tecnológicos e geopolíticos (barreiras comerciais e tarifas)”.
A empresa disse depois que a situação afetou, “desde o início do ano, mais de duas centenas de trabalhadores, em média, por mês, que embora dispensados da prestação de trabalho, mantiveram a retribuição por inteiro”.
Uma situação que, afirmou, “não é comportável por mais tempo, obrigando a que a administração da Coindu se veja forçada a tomar medidas de combate à grave situação de crise empresarial, de modo a prover pela respetiva sustentabilidade e viabilidade”.
Segundo o grupo, estas medidas têm “necessariamente de passar pela readaptação, reajuste e reestruturação da atividade produtiva” da empresa, ou seja, pela redução de pessoal.
Na mesma nota, a “administração da Coindu nota e faz notar que a implementação das referidas medidas foi prévia e devidamente dada a conhecer aos trabalhadores e respetivos representantes”, apontando a sua “firme intenção” de que “ambos os procedimentos decorram com a maior transparência e serenidade” e prometendo aos trabalhadores que “serão prestadas todas as informações e esclarecimentos”.
Na quarta-feira, Francisco Vieira, do Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes, disse à Lusa que os processos de ‘lay-off’ e despedimento coletivo foram comunicados na segunda e na terça-feira, tendo a administração considerado que se trata de uma “inevitabilidade”.
Segundo Francisco Vieira, a Coindu conta atualmente com 1.170 trabalhadores em Famalicão.