O parque da cidade de Fafe está a sofrer uma verdadeira revolução artística. Várias propostas de arte têm vindo a ser implantadas no espaço e as suas paredes preenchidas com obras de arte em grafiti de grandes artistas mundiais. O projecto ‘Page Café Cultural’ tem levado à cidade artistas de várias partes do mundo, quatro vezes por ano e durante quinze dias, numa residência artística diferente do conceito habitual.
O curador Vicente Coda explica que durante a residência artística os convidados fazem um workshop com a população e trabalham em espaços públicos.
“A nossa residência é a cidade e não aquela ideia meio elitista, de circuito fechado e dirigida para um determinado público associada à noção de residência artística”.
No projecto, o artista convidado fica num hotel e todo o seu trabalho “é feito na cidade, em locais públicos, com escolas, em juntas de freguesias, com crianças em férias ou junto da Cerci Fafe”. Vicente Coda reconhece que “o projeto só poderia existir com o apoio da câmara que desde a primeira hora abraçou a ideia. Eles financiam os materiais necessários para a concretização da obra artística e a população está a aderir muito bem”.
Workshop
Outra das particularidades desta residência artística é a existência de um workshop, onde quem quiser pode ter contacto direto com o artista, participar e interagir com a obra que está a ser realizada: “o que fazemos é arte urbana e é preciso acabar com o preconceito que está associado à expressão. Para isso é preciso descentralizar e questionar que é um dos objectivos desta interacção com o artista”.
O projeto arrancou em 2017, e já abrangeu áreas como o teatro, a música, o vídeo e a performance mas ultimamente tem sido o grafiti o protagonista, com as residências de março, Junho e julho a ele dedicadas. “Já passaram por Fafe 25 artistas de países como o Brasil, México, Chile e Portugal”, refere ainda o curador.
Vicente Coda revela que a última residência de 2019, agora em setembro, será um sunset: “já tivemos música mas ficou confinada a um auditório e a adesão foi menor do que estávamos à espera. Agora vamos fazer uma sessão ao ar livre para que todos possam participar”.
2020
O projeto vai continuar no próximo ano com a mesma ambição. “Fafe não possui uma galeria de arte. As exposições são todas na biblioteca. Por isso, quisemos fazer complexo de arte a céu aberto, tornando Fafe a capital do grafiti”.
Todo o trabalho desenvolvido por Vicente Coda, na área artística, num meio mais ‘pequeno’ foi agora reconhecido com a atribuição do prémio ‘Embaixadores 2019’, na vertente cultura.
“Não é um prémio só meu, é da câmara, é do vereador Pompeu Martins, é do motorista ou dos trabalhadores municipais”.
A entrega do prémio teve lugar na segunda-feira, dia 23 de setembro, na Casa da América Latina, em Lisboa.