As 2.750 toneladas de nitrato de amónio que explodiram, na passada terça-feira, no porto de Beirute destinavam-se à Fábrica de Explosivos de Moçambique (FEM), que é propriedade da empresa portuguesa Moura & Silva, da Póvoa de Lanhoso.
A notícia é avançada, este sábado, pelo jornal Público, a quem um porta-voz da empresa garante, no entanto, que aquela carga ainda não era sua – foi feita a encomenda, mas apenas seria paga quando chegasse ao seu destino, a cidade da Beira, no Norte de Moçambique.
“Esta foi uma encomenda normal, de uma matéria que a empresa utiliza na sua atividade comercial, cumprindo sempre de forma escrupulosa todos os requisitos legais e melhores práticas internacionais”, assegurou.
Segundo o Público, o nitrato de amónio apreendido na capital libanesa poderia ter como finalidade, provavelmente, ser usado nas minas do Norte de Moçambique.
Os químicos que provocaram a explosão no porto de Beirute chegaram à capital libanesa há sete anos, a bordo de um navio de carga alugado pela Rússia e nunca deviam ter parado naquele local.
Em 2013, o navio “Rhosus”, com bandeira da Moldávia e proveniente da Geórgia, fez uma escala não planeada em Beirute, a caminho de Moçambique.
O dono do navio ordenou uma paragem não planeada para receber carga adicional. Mas o navio acabou por não sair de Beirute, envolvido numa disputa legal sobre taxas portuárias.
Como ninguém a reclamou e o dono do navio foi acusado de abandono, a carga acabou por ser descarregada e colocada num armazém do porto de Beirute, onde esteve até terça-feira.
As explosões fizeram pelo menos 154 mortos, número que poderá ainda aumentar, tendo em conta as pessoas que continuam desaparecidas. Há cerca de 5 mil feridos.