Segundo o Censo Nacional do Lobo (2019-2021), agora publicado, existem 13 alcateias confirmadas no Minho, nove delas acima do rio Lima, com a área de Monção e Melgaço a ser a mais habitada pelo Canis lupus. Na área Noroeste, que inclui o distrito de Vila Real, são 24 alcateias no total. No país todo são 58, um número menor do que em 2003, altura do último Censo Nacional.
A estimativa do Censo Nacional, consultado este domingo por O MINHO, no caso da área da Peneda/Gerês, aponta para uma média de 6 lobos por alcateia, resultando no número de 78 lobos nos distritos de Braga e de Viana do Castelo, número que poderá variar na realidade, uma vez que não é possível apurar ao certo o número de lobos em cada alcateia.
Alcateias em vários concelhos
As alcateias, no distrito de Viana do Castelo, dividem-se por entre Viana do Castelo, Valença, Caminha, Ponte de Lima, Paredes de Coura, Monção, Melgaço, Arcos de Valdevez e Ponte da Barca. Já no território do distrito de Braga, encontramos alcateias em Terras de Bouro, Amares e Vila Verde.
A alcateia de Santa Luzia, em Viana do Castelo, e a de Agra, já em Caminha, são duas distintas desde 2018, uma deteção que foi possível graças aos estudos de impacto para instalação de sistemas eólicos.
O relatório indica que “a alcateia de Santa Luzia encontra-se muito próxima de áreas com elevada densidade populacional humana, pelo que o seu território é alvo de elevada perturbação decorrente da facilidade de acesso, nomeadamente através dos caminhos associados ao parque eólico existente”.
A de Agra, por sua vez, já está identificada desde os anos 90 e abrange os concelhos de Viana do Castelo, Caminha e Ponte de Lima. A área terá sido extinta de lobos entre 2004 e 2012, voltando a ser colonizada por estes em 2013, tendo desde então mantido constante presença graças à reprodução da alcateia que ainda persiste.
Outra alcateia no Alto Minho é a chamada Cruz Vermelha, que ocupa serras situadas entre os concelhos de Paredes de Coura, Arcos de Valdevez e Ponte de Lima. Esta também esteve extinta entre 2000 e 2009, voltando a reproduzir e a ocupar a área. Esta alcateia está referenciada pelo relatório do Censo como sendo uma das mais afetadas por abate ilegal, havendo vários lobos encontrados mortos a tiro ou por armadilha ao longo dos últimos anos.
Assim, no Alto Minho, maioria das alcateias está situada nas serras entre Arcos de Valdevez, Valença, Monção e Melgaço, como Boulhosa, Anta, Peneda, Soajo e a do Vez.
No que diz respeito à alcateia de Vila Verde, estende-se da serra Amarela até à serra do Oural, no limite entre os concelhos de Vila Verde, Ponte da Barca e Ponte de Lima.
Abadia é novidade
A grande novidade para a região é a nova alcateia de Abadia, na serra com o mesmo nome, entre Amares e Terras de Bouro.
Segundo o relatório, e apesar de, historicamente, ser conhecida a presença regular de lobo nesta zona, “esta alcateia não foi identificada em trabalhos anteriores, inclusive no censo nacional 2002/2003, nos quais se considerou que esta área integrava o território da alcateia do Gerês”.
Aumento na Peneda/Gerês
Segundo o relatório, no núcleo Peneda/Gerês verificou-se uma situação de aparente aumento populacional, tendo sido confirmada a presença de oito alcateias que não tinham sido detetadas no anterior censo realizado em 2002/2003, várias das quais localizadas nas áreas marginais de distribuição deste núcleo populacional.
“O aumento, em algumas áreas, do número de efetivos pecuários em regime de pastoreio livre poderá também ter contribuído para a tendência positiva verificada neste núcleo populacional. Este aumento no número de alcateias detetadas corresponderá a um aumento da densidade de lobo na área deste núcleo populacional, uma vez que a área de presença da espécie no mesmo se manteve relativamente semelhante desde o anterior censo nacional”, lê-se no relatório.
A situação nos outros três núcleos populacionais do país, ao contrário do verificado no núcleo Peneda/Gerês, “é de redução do número de alcateias detetadas, apresentando o núcleo Alvão/Padrela uma situação particularmente preocupante”.
Atualmente, a população portuguesa representa cerca de 15% da população ibérica de lobo.