Um ex-emigrante no Canadá contou a O MINHO em Braga como terá sido “enganado” por uma advogada de Barcelos, Ema Magalhães Santos, agora suspensa pela Ordem dos Advogados e que começou a ser julgada por alegadamente a causídica ter gasto, em proveito próprio, cerca de 180 mil euros, que se destinariam a pagar honorários e despesas judiciais para defender o sobrinho, só que a advogada não terá feito os trabalhos que dizia.
Joaquim Barbosa Rodrigues, de 83 anos, o tio do cliente da advogada, foi quem emprestou sucessivamente ao sobrinho o dinheiro que seria solicitado pela advogada agora suspensa, reclamando assim a devolução do dinheiro, enquanto Ema Magalhães Santos prometeu esta quarta-feira, no julgamento em Braga indemnizar o octogenário, mas nunca o antigo cliente, um empresário de Barcelos, Manuel Barbosa Dias, porque tal dinheiro era do tio.
Ema Magalhães Santos, suspensa pela Ordem dos Advogados há cerca de um ano, está a ser julgada desde ontem, no Palácio da Justiça de Braga, por acusações de crimes de burla qualificada, abuso de confiança e falsificação de documento, por alegadamente enganar o empresário de restauração Manuel Barbosa Dias, de Barcelos, fazendo-lhe crer que teria a receber o pagamento do trabalho e reembolso de despesas dos vários processos judiciais.
Manuel Barbosa Dias estava preocupado com as consequências de uma eventual penhora à sua quinta, na freguesia de Alheira, em Barcelos, onde tem uma firma de eventos sociais, mas segundo a acusação do Ministério Público, o dinheiro ia sempre parar diretamente à conta bancária da própria advogada, que terá dito ao cliente estar a trabalhar em diversos processos judiciais, na defesa dos interesses daquele empresário, só que não afinal nunca teria realizado tantas tarefas, nem feito todas despesas judiciais como aquelas que referia.
Aquela causídica já tinha sido julgada há dois anos, também em Braga, por supostamente ter lesado em 238 mil euros a artesã barcelense Conceição Sapateiro, mas o caso acabaria em desistência, uma vez que já no final desse mesmo julgamento, Ema Magalhães Santos indemnizou a artista de Barcelos, igualmente por ter usado esse dinheiro daquela cliente.
Ema Magalhães Santos enfrenta ainda um processo de insolvência pessoal, no valor total superior a um milhão e meio de euros, supostamente usados também em proveito próprio, dos quais um milhão seria de um empresário hoteleiro de Barcelos e meio milhão de um padre de Guimarães, em ambos através de diversos esquemas alegadamente fraudulentos, em tudo idênticos ao que está a ser agora julgado, mas que a advogada tem vindo a negar.
Advogada confessa parte do caso
A advogada Ema Magalhães Santos confessou no início do seu julgamento ter ficado com dinheiro, 38.500 euros, parte dos 50 mil que um seu então cliente lhe havia adiantado para despesas em processos judiciais e depositando esse valor, na sua própria conta bancária, mas a acusação do Ministério Público refere que a quantia ascende a quase 200 mil euros.
A causídica, defendida pelo advogado Artur Marques, escapou há dois anos a condenação ao ter pago por uma situação idêntica à que está agora ser julgada, porque na ocasião após o julgamento indemnizou outra antiga cliente, a artesã Conceição Sapateiro, de Barcelos.
Ema Magalhães Santos, atualmente suspensa, pela Ordem dos Advogados, que começou a ser julgada na manhã desta quarta-feira, no Tribunal de Braga, num processo criminal em que o MP imputa à causídica de Barcelos de se ter alegadamente locupletado de quase 200 mil euros a um empresário barcelense que era sua cliente, ao ter simulado propositura de ações judiciais, cobrando diversas quantias em dinheiro e cheque para o pagamento de despesas e honorários de trabalhos que não fez, pelo menos em grande parte, refere o MP.