Um grupo de alunos está a organizar uma manifestação com o assédio sexual na Universidade do Minho, esta quinta-feira, às 15:00, junto à estátua do Prometeu, no campus de Gualtar.
O protesto, intitulado “Manifestação pela Eliminação do Assédio na UMinho”, contará com uma arruada até à reitoria da instituição, no Largo do Paço.
A organização convida os alunos que não consigam comparecer na arruada a utilizar peças de roupa preta no dia dos protestos e, aqueles que entenderem trajar de luto, podem fazê-lo, como ato simbólico.
Em comunicado enviado a O MINHO, o grupo explica que os estudantes “sentem que a universidade não adota medidas suficientes para que estes se sintam seguros, tendo em conta que, em alguns casos reportados, o assédio parte de membros da própria instituição”.
Para além da arruada, serão lidos testemunhos de vítimas por porta-vozes.
A organização identifica como problemas “o assédio por parte de pessoas externas à Universidade dentro do campus, o que reflete a falta de segurança dentro do mesmo e a fraca iluminação”, bem como o assédio por parte de professores, funcionários, alunos e em contexto de praxe.
Criticam a “incompetência da Provedoria do Estudante face às queixas de assédio” feitas por estudantes e a “falta de resposta da UMinho”, bem com a “incapacidade de reação dos serviços da instituição face às queixas apresentadas pelas vítimas e encobrimento dos casos de assédio moral/sexual”.
Assim, estes estudantes reivindicam o reforço da segurança, o patrulhamento e a iluminação dentro dos campi; formações de prevenção e combate ao assédio para docentes e funcionários; revisão e aprimoramento do Código de Conduta e Ética, para que inclua a definição do conceito de assédio e caracterização das suas diferentes dimensões, indo de encontro ao que existe noutras universidades (como por exemplo a Sanford University) e está descrito no Guia para a Elaboração de um Código de Boa Conduta para a Prevenção e Combate ao Assédio no Trabalho; criação de campanhas de sensibilização relacionadas a esta temática dirigidas aos estudantes.
O manifesta exige, ainda, que “as denúncias de assédio possam ser dirigidas a um Gabinete independente conduzido por trabalhadores com conhecimentos especializados na prática da prevenção e resolução desta problemática e que os procedimentos desencadeados por uma denúncia sejam transparentes. Este Gabinete também deve ter a capacidade de dar opções de acompanhamento e apoio psicológico, gratuito, às vítimas”.
Funcionário afastado após denúncias de assédio sexual
Como O MINHO noticiou, foram denunciados casos de assédio sexual na UMinho, em duas situações distintas. Num caso, trata-se de um funcionário da residência Lloyd, em Braga, acusado de assédio sexual, entretanto afastado do posto de trabalho. Outro trata-se de um exibicionista que ataca no campus de Gualtar.
No caso do porteiro da LLoyd, o reitor especificou que o trabalhador foi transferido para outro serviço. Segundo Rui Vieira de Castro, o trabalhador, que entretanto meteu baixa, foi “realocado” a outras funções que não impliquem “o contacto direto com estudantes ou com o público”.
“Haverá agora um procedimento de averiguações para apurar o que se passou e depois adotaremos as medidas aplicáveis à luz daquilo que são os nossos regulamentos e códigos de conduta”, acrescentou.
O reitor diz que em causa está uma denúncia de uma estudante que reporta a 2020, mas que só no final da semana passada chegou ao seu conhecimento.
“Não deveria ter acontecido [o atraso]. Devia ter sido objeto de correção imediata”, referiu, admitindo que o caso “abre espaço para novas denúncias”.
Rui Vieira de Castro disse lamentar “profundamente” a situação e manifestou “solidariedade” com todas as eventuais vítimas.
Exibicionista no campus
Rui Vieira de Castro, recém empossado para novo mandato, referiu-se, também, aos “atos exibicionistas e de assédio a estudantes desta instituição, praticados por individuo(s) não identificado(s)” no campus de Gualtar e que foram denunciados na última semana.
“A Universidade comunicou estes incidentes às autoridades, encontrando-se os mesmos sob investigação. Entretanto, foram tomadas medidas de reforço de segurança das pessoas e corte de vegetação no campus. Iniciaram-se também os procedimentos necessários ao reforço de iluminação”, refere o comunicado.
E acrescenta: “A Universidade lamenta profundamente esta situação, que encara com toda a seriedade, e tudo fará para que ela não se repita”.
Na cerimónia de tomada de posse para o seu segundo mandato, o reitor da UMinho, Rui Vieira de Castro, destacou a adoção, pela universidade, de um “código de boa conduta para a prevenção e combate ao assédio e promoção da igualdade de género”.
O objetivo, adiantou, é a garantir a “qualidade de vida” nos ‘campi’ e o bem-estar da comunidade académica.
Notícia atualizada às 16h05 .