A localização da Estação da Alta Velocidade Ferroviária (AVF) em Braga, cuja construção está prevista para a área de Tibães, não serve Braga nem a região. Quem o afirma é o bracarense Batista da Costa, especialista em transportes, para quem “esta localização deve ser alterada, para ficar junto à atual estação de Ferreiros”.
Para “assegurar a ligação à linha ferroviária convencional que liga Braga ao Porto, mas também por ser o ponto de acesso às autoestradas A11 e A3 que asseguram a ligação à região”. “Guimarães, Barcelos, Famalicão e Vila Verde ficam a cerca de 16 quilómetros deste ponto”, refere.
Numa conferência em que participou na UMinho, o antigo gestor dos Transportes Urbanos de Braga (TUB) lembrou que o projeto atual prevê que a linha de AVF passe em Braga junto à atual estação de Ferreiros em túnel.
E, por isso, defende: “Ferreiros é o local onde a ferrovia convencional já passa e onde se poderá efetuar a intermodalidade com a Alta Velocidade sem transbordos desnecessários, inconvenientes e que afastam as pessoas da utilização do transporte público”.
E acentua: “Neste ponto também o BRT em Braga permitirá à população da cidade chegar rapidamente à Estação de Alta Velocidade de Ferreiros, onde está previsto no PDM um interface multimodal que seja o início e fim de duas das linhas de BRT. Nada disto é possível noutra localização. Só assim se garante a ligação ferroviária da alta velocidade de Braga a outras cidades da região”.
“Esta nova estação de AVF em Ferreiros poderá ser construída como um desvio (bypass) à linha projetada, dando maior flexibilidade ao sistema já que só os comboios com paragem em Braga a utilizarão, não degradando o serviço de longo curso. Esta é a opção em muitas cidades, nomeadamente no país pioneiro da alta velocidade ferroviária, o Japão, que tem estações de alta velocidade ferroviária que distam 40 quilómetros”, afirmou.
Batista da Costa salientou, na ocasião, que “uma nova localização da estação de Braga da AVF já é admitida no Plano Ferroviário Nacional (PNF) que esteve em discussão pública até fevereiro deste ano e está alinhada com o Plano Diretor Municipal de Braga”.
Faltam comboios no Minho
Para o especialista, o milhão e cem mil habitantes do Minho são servidos por uma linha ferroviária que desde Campanhã passa por Famalicão, Barcelos, Viana do Castelo e Valença com dois ramais que a ligam a Guimarães e Braga, mas “não há ligação ferroviária a Esposende, Vila Verde, Amares, Póvoa de Lanhoso, Fafe, Ponte de Lima, Ponte da Barca, Arcos de Valdevez, Paredes de Coura, Monção ou Melgaço”.
“A Linha de Alta Velocidade ligará o aeroporto Francisco Sá Carneiro a Valença com uma estação em Braga. No Minho há muito ensino superior sem acesso ferroviário. Braga e Guimarães têm a UMinho. Esposende, Barcelos e Braga têm o IPCA. Em Amares, há o ISAVE. Em Fafe, o IESF. Viana, o IPVC que é constituído por seis escolas, distribuídas pelos concelhos de Viana do Castelo, Ponte de Lima, Valença e Melgaço.
BRT entre Braga e Guimarães “não dá resposta às necessidades”
Continuando a abordar o tema, frisou que “há, por parte de alguns decisores, um sentimento de urgência
relativo a uma qualquer ligação em sítio próprio entre Braga e Guimarães”.
“O PNF diz que esta ligação será ferroviária, sem prejuízo de uma solução intermédia. Está a ser estudada uma ligação em BRT – Bus Rapid Transit, que não dá resposta às necessidades da economia e das pessoas, nem é a tecnologia adequada para ligar cidades”.
Linha Guimarães – Braga até Esposende
Acresce que – assinala – “a ligação de Guimarães a Braga terá de continuar até ao litoral em Esposende, passando por Barcelos. Certo é que a projetada ligação ferroviária de Braga a Barcelos passando por Nine (Famalicão) é inaceitável porque mais do que aproximar duas cidades que distam cerca de 16 quilómetros, afastam-nas”.
Linha Guimarães – Vila Verde para “desatar” Nó de Infias
Baptista da Costa sublinhou, ainda, que “o PNF, que prevê a ligação da linha de Guimarães a Fafe, deve prolongar-se em direção a Vila Verde, passando por Póvoa de Lanhoso e Amares. Esta ligação já está prevista há dezenas de anos e dá resposta a importantes movimentos pendulares”.
E assinala, a propósito: “Vila Verde ligará a Ponte de Lima, Ponte da Barca e Arcos de Valdevez a Norte e ligará a Braga, a sul, contribuindo para desatar o Nó de Infias”
“O Nó de Infias em Braga, que recebe todo o trânsito rodoviário vindo de Norte (Ponte de Lima, Ponte da Barca, Amares, Vila Verde, etc.) é um problema que precisa de uma solução ferroviária. Só a ligação de Vila Verde a Braga representa 40 mil deslocações diárias”, disse.