Empresas acusadas de contrabando em Braga ouvem ‘sentença’ em setembro

O Tribunal de Braga agendou para setembro a leitura do acórdão de duas empresas de Braga, do ramo do comércio de chapas de aço, e dos seus cinco administradores que foram julgados no Tribunal Judicial pela prática de cinco crimes de contrabando qualificado.

Os arguidos – que negam, com veemência a acusação do Ministério Público invocando a sua seriedade e a das firmas que gerem – estavam pronunciados por terem lesado o Estado em 796 mil euros, por não terem pago a taxa de 5, 5 % anti-dumping e de proteção dos operadores europeus (dado que os preços chineses eram “anormalmente baixos”), imposta pela Comissão Europeia ao aço importado da República Popular da China.

As duas firmas, a Ferreira & Américo, e a Ferpainel, com ligações entre si a nível da gerência, importavam habitualmente da China e da Índia matérias primas em aço (chapas de aço revestidas ou pré-pintadas ou com revestimento orgânico) para fabrico de painéis para coberturas e revestimentos e outros produtos.

Em 2013 e já com a taxa compensatória em vigor, as duas firmas e os seus cinco gestores, aderiram a um plano da empresa chinesa Hangzhou Metal para que as exportações de aço passassem pelo Vietname e assim chegassem a Portugal como se o aço ali tivesse sido fabricado. Facto que o Tribunal classifica como “mecanismo fraudulento de desvio de tráfego”, através do qual eram entregues “falsas declarações alfandegárias e fiscais”. Mas as empresas garantem que agiram de boa fé no quadro legal em vigor…

Vietname e Hong-kong

Para tal, a Hangzhou criou duas companhias no Vietname e uma terceira em Hong-Kong, a Hong-Kong Locking International Trade, sendo através desta que o aço seria enviado para Portugal ou para a Bélgica, país que as duas importadoras de Braga usaram para receber o produto.

Assim, em 2013 as duas empresas bracarenses colocaram uma encomenda de 606 toneladas de chapas de aço à Hangzhou Meetal, tendo esta enviado as chapas de aço pré-pintadas para o Vietname, onde supostamente seriam transformadas e daí enviadas para a Europa através de uma intermediária em Hong-Kong.

A acusação diz que, além deste desvio de tráfego, a classificação alfandegária, a de chapas de aço pré-pintadas, também não correspondia à realidade, o mesmo sucedendo com o Certificado vietnamita de origem do produto.

A seguir, uma delas fez outra importação, no mesmo «esquema» e a Ferpainel procedeu a três outras, com pesos que iam de 818 até 1. 544 toneladas. O Tribunal não indica qual a verba total paga à firma chinesa, mas calcula em 796 mil euros o valor que terão de pagar ao Estado. Isto, claro, se forem condenados!

 
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