Empresários de Braga criticam Governo por não fixar calendário para cortes nos impostos

Associação empresarial diz que há “jogo político”
Empresários de braga criticam governo por não fixar calendário para cortes nos impostos
Foto: AEB

A Associação Empresarial de Braga (AEB) saúda que tenha sido formalizado, na terça-feira, um novo acordo de concertação social entre o Governo e as Confederações Sociais e Empresariais, designado por Acordo Tripartido 2025 – 2028 | Valorização Salarial e Crescimento Económico.

Para Daniel Vilaça, presidente da AEB, “este novo acordo tripartido pode ter um impacto transformador na economia portuguesa, gerando condições favoráveis para melhorar salários, nomeadamente para os jovens – cujo talento Portugal não pode perder -, melhorar os índices de produtividade, promover crescimento económico e, consequentemente, aumentar a competitividade da economia e das empresas portuguesas”.

Contudo, o presidente da AEB lamenta, em comunicado enviado às redações, que o Acordo não seja “mais consistente” nas metas da redução da fiscalidade sobre os trabalhadores e as empresas, nomeadamente em termos do IRS e do IRC.

“As confederações patronais deram um enorme exemplo de responsabilidade e sentido de Estado ao acordar e fixar metas ambiciosas em termos de evolução do salário mínimo nacional e dos salários médios até 2028, mas, no que toca à redução fiscal, o Governo, escondendo-se atrás do jogo político da negociação do OE 2025, não assumiu, como devia, um calendário devidamente quantificado da redução fiscal para o mesmo horizonte temporal”, refere Daniel Vilaça.

O Presidente da AEB congratula-se com a introdução no Acordo de um conjunto de medidas defendidas e apresentadas pela AEB aos principais partidos políticos nas últimas legislativas, como é o caso da isenção de IRS e TSU para os prémios de produtividade, de desempenho e participação nos lucros; a redução fiscal sobre o trabalho suplementar; a redução da tributação autónoma; a redução do IRC e a redução do IRS para os jovens.

Segundo Daniel Vilaça, “o atual contexto económico e social que Portugal, a Europa e o Mundo atravessam exige estabilidade, previsibilidade e ambição, no que concerne às políticas e medidas de apoio ao desenvolvimento económico e social. Por isso, este acordo de valorização dos salários e de estímulo ao crescimento económico é um passo importante para o futuro da economia portuguesa”.

No contexto da governação e políticas públicas para o nosso país, Daniel Vilaça salientou que “é necessário prosseguir com uma efetiva redução de impostos para as empresas e trabalhadores; com medidas de estímulo ao investimento e capitalização de empresas; com programas ativos de atração e retenção de talento; e, entre outras medidas, com a redução do peso do estado na economia”.

Por último, e ainda a propósito deste novo acordo em sede de concertação social, o presidente da AEB enalteceu o facto do “diálogo social e práticas de concertação social tripartida entre Governos e Confederações Sindicais e Empresariais começarem a ter em Portugal uma sólida e reputada tradição, como sucede em outros países desenvolvidos, com inegáveis benefícios para a coesão social, bem como para um desenvolvimento sustentável e inclusivo que se deseja para Portugal e Europa”.

Como O MINHO noticiou, para o próximo ano, o Governo propõe que a retribuição mínima garantida suba para 870 euros brutos, um aumento de 6,1% face aos atuais 820 euros e mais 15 euros face ao valor previsto no atual acordo de rendimentos (855 euros), subindo depois para 920 euros em 2026 (um aumento de 5,7%), para 970 euros em 2027 (uma subida de 5,4%) e para 1.020 euros em 2028 (+5,2%).

Já no que toca ao referencial para o aumento global dos salários (discutidos em negociação coletiva), nessa primeira proposta, o executivo mantém os valores previstos no acordo assinado pelo anterior governo (4,7% em 2025 e 4,6% em 2026). Já para 2027 e para 2028, uma vez que a ideia é que o novo acordo contemple toda a legislatura (o atual só vai até 2026), é de 4,5% em cada um desses anos. Com esta trajetória, o objetivo é que o salário médio alcance os 1.886,29 euros em 2028.

A proposta inicial contempla também a possibilidade de se avançar com uma isenção de IRS e de TSU nos prémios de produtividade, “até ao montante igual ou inferior a 6% da remuneração base anual do trabalhador”, tal como previsto no programa de Governo. Ainda assim, o Governo quer impor algumas condições, nomeadamente ao nível de aumentos salariais permanentes.

No plano fiscal, a proposta inicial prevê uma “redução progressiva da taxa de IRC até 2028, passando em 2025 dos atuais 21% para 19%” e “redução das taxas do Imposto sobre o Rendimentos das Pessoas Singulares (IRS) aplicadas aos jovens com idade até aos 35 anos”.

Estas medidas têm sido, aliás, um dos pontos de discórdia com o PS. Na sexta-feira o secretário-geral dos socialistas já veio avisar que são linhas vermelhas para uma eventual viabilização do Orçamento do Estado para 2025.

Por outro lado, a proposta inicial do Governo contempla ainda a “redução anual da tributação autónoma aplicada em sede de IRC, durante os próximos quatro anos, atingindo uma redução de 20% em 2028”.

 
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