Uma empresa portuguesa, nascida na Universidade do Minho, vai liderar um projeto de oito milhões de euros para “alavancar a competitividade da biologia sintética da União Europeia”, criando “vias biológicas para mais de cem compostos”, anunciou hoje aquela academia.
Em comunicado enviado à Lusa, a Universidade do Minho (UMinho) explica que a SilicoLife vai liderar o consórcio “Shikifactory100”, apoiado pelo programa Horizonte e que junta 11 parceiros de sete países e quer “encontrar novas formas sustentáveis de produzir ingredientes que até aqui só se obtêm por extração de plantas ou por processos petroquímicos”, partindo de “microrganismos e aliando a biologia com métodos computacionais”.
Segundo explica o texto, “a indústria está a substituir cada vez mais os ingredientes artificiais por ingredientes de fontes biológicas, para aumentar a satisfação do consumidor e a inovação nos sabores e nas fragrâncias” e, “por outro lado, muitos dos recursos naturais são limitados e dependem do clima, o que faz subir os preços”.
O projeto, que se inicia em janeiro e terá a duração de quatro anos, centra-se no chiquimato, “um ácido central no metabolismo, a partir do qual se pretende chegar a mais de cem compostos de alto valor e com aplicações tão diversas, como aromas, medicamentos e químicos de interesse industrial”.
Pretende-se ainda “obter novas vias biológicas para produzir adoçantes artificiais, evitando os atuais processos químicos”, explica a UMinho.
“A escala e a integração das tecnologias de ponta no ‘Shikifactory100′ são inéditas na Europa e vão contribuir para a liderança da UE nas áreas da biologia sintética e da bioeconomia”, diz no texto o diretor-geral da SilicoLife, Simão Soares.
Segundo refere a gestora científica do projeto, Isabel Rocha, do Instituto de Tecnologia Química e Biológica da Universidade Nova de Lisboa “o consórcio vai construir uma plataforma de ?fábricas’ de células microbianas, com estirpes personalizadas e genomas otimizados, para uma produção eficiente, económica e sustentável, combinando novos métodos computacionais com desenvolvimentos in vitro e in vivo”.
Além da SilicoLife, participam no projeto as universidades do Minho, Nova de Lisboa, Técnica da Dinamarca e de Manchester (Reino Unido), a Escola Politécnica Federal de Lausanne (Suíça), o Laboratório Europeu de Biologia Molecular (Alemanha), a consultora NNFCC (Reino Unido) e as empresas DSM (Holanda), c-LEcta (Alemanha) e GalChimia (Espanha).
A SilicoLife nasceu em 2010 por recém-graduados em Bioinformática e professores de Informática e Engenharia Biológica da UMinho.