A construtora ABB, com sede em Braga, está intimada a pagar multas na ordem dos 100 mil euros à Câmara de Guimarães por irregularidades e descargas poluentes para o rio Ave, divulgou a vereação socialista vimaranense durante a última Assembleia Municipal.
Paulo Silva, vereador do executivo PS, em resposta a queixas de cidadãos da extinta freguesia de Gondomar, em Guimarães, anunciou que foi efetuada uma queixa “há pouco tempo” que resultou em mais uma multa para aquela empresa, desta feita no valor de 25 mil euros. Acumuladas, as diferentes multas já ascendem aos 100 mil euros.
Citado pelo jornal O Comércio de Guimarães desta quarta-feira, um morador, Abel Cardoso, afirma tratar-se de “um pesadelo” o que vivem os moradores daquela freguesia, por entre “poluição, solo endurecido e frutas e legumes cobertos de pó”.
O mesmo cidadão questionou a autarquia relativamente a um loteamento a ser construído na Cumieira, junto à pedreira da ABB, que foi entretanto suspenso e novamente aprovado, alegando que a legalização da sua construção, que abrange áreas de reserva ambiental, se deve a “interesses económicos” do grupo de Braga.
O mesmo vereador respondeu que não existe qualquer acordo entre autarquia e ABB, reforçando as queixas que a Câmara tem efetuado junto de autoridades competentes por falta de incumprimento das regras ambientais dos bracarenses.
Empresa pode chegar a ter 10% da freguesia de Gondomar
De acordo com a edição impressa do Jornal de Notícias desta quinta-feira, os negócios entre ABB e autarquia prosseguem na freguesia de Gondomar, estando em vista a permuta de terrenos públicos para exploração da construtora. O mesmo jornal refere que, caso o negócio seja levado avante, a construtora bracarense poderá passar a explorar cerca de 10% do solo daquela freguesia.
Criada petição
Foi, durante a passada semana, lançada uma petição online para suspender uma alegada venda de terrenos baldios por parte da autarquia à construtora. Os moradores de Gondomar, insatisfeitos, clamam ajuda para que a aldeia não seja “transformada em pó”. O documento conta já com 115 assinaturas.
A petição indica que a exploração de uma das antigas pedreiras da freguesia, situada em terrenos públicos “foi concessionada” à ABB, que “alargou exponencialmente a cratera na montanha, enche a aldeia de uma poeira fina que se entranha nos pulmões e transforma as águas, outrora cristalinas, num leito branco e pastoso, que desagua no Rio Ave”.
“Agora, tenciona comprar os campos maninhos e expandir a exploração, apropriando- se, assim, do que é pertença de todos os habitantes dessa pequena freguesia. A população não aceita. E muitíssimo bem. Vale a pena assinar. São menos de 500 pessoas contra um “gigante” que lhes quer roubar as terras”, refere ainda a mesma petição.