O construtor civil bracarense Manuel Rodrigues está a reclamar, no Tribunal Cível de Braga, uma “dívida” a um seu colega de direção do SC Braga, o economista Hernâni Portovedo, mas este declarou no julgamento, assim como todas as testemunhas já ouvidas, que pagou tudo e nada deve, nem ao empreiteiro, nem a ninguém. Contesta a “fatura” de 94.701,41 euros, porque, alega, tal documento de débito apenas foi emitido oito anos depois das obras feitas, o que não fazia sentido em qualquer sistema contabilístico do mundo.
A notícia, avançada na edição desta quarta-feira do jornal diário Inevitável, intitulada “Bragaparques: novo episódio na novela entre Névoa e Rodrigues”, revela o caso que envolve dois vice-presidentes do SC Braga por uma suposta dívida de menos de 100 mil euros. O jornal relaciona-o com a “guerra” entre Manuel Rodrigues e Domingos Névoa, ex-sócios do grupo empresarial Rodrigues & Névoa, também ambos agora no Tribunal Cível de Braga a discutir a separação dos bens.
Manuel Rodrigues e Hernâni Portovedo são igualmente ambos administradores da SAD (Sociedade Anónima Desportiva) do SC Braga, a par de também administradores da mesma empresa, a Urbaminho, que detém o centro comercial Braga Parque.
O empreiteiro bracarense exige ao colega, Hernâni Portovedo, que lhe “pague” quase 100 mil euros. A audição de Manuel Rodrigues está prevista para a próxima segunda-feira de manhã, no Palácio da Justiça de Braga, onde explicará todas as circunstâncias da “dívida” que reclama.
Ainda segundo noticia o jornal Inevitável, o que está em causa é, “oito anos depois, a Onirodrigues, de Manuel Rodrigues, exigir 95 mil euros a Hernâni Portovedo, diretor financeiro do grupo, que desmente qualquer dívida”. De acordo com o mesmo jornal, “o dramático divórcio envolvendo Manuel Rodrigues e Domingos Névoa, antigos sócios na Rodrigues & Névoa e no universo da Bragaparques, que se separaram em 2019, tem um novo episódio”.
O jornal escreve que “depois de vários processos e contraprocessos entre ambos os empresários do norte do país, Manuel Rodrigues veio interpor uma ação judicial no Tribunal de Braga contra Hernâni Portovedo, atual diretor financeiro da Bragaparques, a quem vem exigir, oito anos após, o pagamento de uma alegada dívida de 95 mil euros relativamente à realização de obras numa sua propriedade”.
Citando a ação judicial movida pela Onirodrigues, o Inevitável refere que “a sociedade comercial Rodrigues & Névoa Ldª no âmbito das obrigações a que vinculou, executou para os dois réus [Hernâni Portovedo e a sua esposa] obras e trabalhos, forneceu materiais, mão-de-obra e equipamentos de construção civil, na remodelação e amplificação da sua habitação”, realizadas em 2014, mas Manuel Rodrigues alega não ter recebido os correspondentes 94.701,41 euros na empresa, que à data dividia com o então sócio, Domingos Névoa.
“Nem Manuel Rodrigues, nem a sua equipa legal, por sua vez, quiseram prestar qualquer comentário quando questionados”, refere o mesmo periódico, segundo o qual, “por sua vez, no entanto, Hernâni Portovedo, antigo diretor financeiro da Rodrigues & Névoa e ainda diretor financeiro da Bragaparques, de que ambos são sócios, tem outra visão: não existe qualquer dívida”.
“Eu [Hernâni Portovedo] entendo que nada devo e estou a ser perseguido, sendo colocada a minha honra em causa, pois nunca fiquei a dever nada a ninguém, tanto mais que o sr. Manuel Rodrigues é conjuntamente comigo administrador do SC Braga SAD e ambos vice-presidentes do SC Braga, mas nunca até à data em que me enviou a carta de 06.02.2020 [onde exige o tal pagamento dos cerca de 95 mil euros] me exigiu qualquer pagamento, pois sabia que isso era falso”, ainda segundo as declarações do economista ao jornal.
Mais, Hernâni Portovedo diz nada ter a dever à empresa para a qual trabalhou durante anos sem ser remunerado e juntou ao processo um documento assinado por ambos os sócios da Rodrigues & Névoa” [Manuel Rodrigues e Domingos Névoa], em que estes declaram ter recebido 28 mil euros para pagamento das obras.
“O senhor Manuel Rodrigues fez uma interpretação abusiva, quando me incluiu num litígio em que eu não sou parte”, acrescentou ao mesmo jornal Hernâni Portovedo, segundo o qual, já “não é a primeira vez que pessoas individuais sofrem consequências devido ao litígio entre os sócios da Bragaparques, desde uma funcionária vítima de assédio laboral, a um seu irmão [de Manuel Rodrigues], com um filho deficiente, a quem tentou privá-lo da sua habitação, passando pelo seu advogado de longa data, Severino Santos”, de Braga.
Para Hernâni Portovedo, “neste caso, porque sou conjuntamente com o senhor Manuel Rodrigues, administrador do Sporting Clube de Braga, também o clube é prejudicado com esta falsa acusação”, como disse ao jornal “i”.
As afirmações foram confirmadas esta quinta-feira, a O MINHO, acrescentando agora aquele economista e gestor de empresas que Manuel Rodrigues “está assim a instrumentalizar a Justiça para tentar condicionar o [seu] livre testemunho”, referindo-se ao processo principal, aquele que opõe Manuel Rodrigues e Domingos Névoa, que esta semana ficou adiado para janeiro de 2023, porque as partes não chegaram a acordo.