O presidente do PSD afirmou hoje que a AD é interclassista, popular, moderada politicamente, sem arrogâncias intelectuais, e voltou a bipolarizar dizendo que a escolha fundamental é entre ele ou o socialista Pedro Nuno Santos.
Luís Montenegro falava num almoço comício da AD – coligação PSD/CDS em Vila Verde, tendo ao seu lado o cabeça de lista pelo círculo de Braga e secretário-geral do PSD, Hugo Soares.
“Esta é verdadeiramente a candidatura mais popular, mais abrangente, mais interclassista e é mesmo a candidatura do povo português”, sustentou, antes de classificar o projeto político da AD como “moderado”.
A seguir, neste contexto, criticou a oposição sem especificar partidos, dizendo que “há gente que usa os sentimentos e o pensamento do povo, fala com arrogância intelectual daquilo que pretensamente o povo pensa”.
“Mas depois vemos e a adesão em relação a tudo aquilo que vão dizendo, seja nas televisões ou nos comícios, a tradução daquilo que dizem com a realidade é uma coisa muito distante”, contrapôs.
De acordo com o primeiro-ministro, ao contrário das oposições, na AD ninguém se arroga no sentido de pretender substituir-se “ao exercício que compete a cada um fazer”.
“Quem vai decidir estas eleições é o povo”, acentuou, antes de visar o secretário-geral do PS.
“Ao contrário de muitos que falam como se fossem proprietários dos votos, nós temos a consciência que partimos para estas eleições com zero votos. Do ponto de vista formal nós estamos a zeros”, advertiu, apesar de acrescentar logo a seguir ter confiança numa vitória da AD.
Horas antes, em Setúbal, o secretário-geral do PS manifestara-se convicto de que vai derrotar as sondagens, nas quais disse que os socialistas “são largamente subestimados”.
No seu discurso, tal como fizera esta manhã em Arcos de Valdevez, o presidente do PSD voltou a procurar bipolarizar a questão política de domingo, partindo das ideias de que os portugueses “estão fartos de eleições” e que “o país não quer eleições todos os anos, nem deve ter eleições todos os anos”.
“Não podemos andar sempre a pedir ao povo que resolva aquilo que a política não resolve”, declarou Luís Montenegro, para quem, no entanto, “os dados estão lançados” em relação às eleições de domingo.
“As pessoas sabem quem são os candidatos a primeiro-ministro, há dois [ele e Pedro Nuno Santos] e sabem quem são os dois grandes projetos. Há a nossa e há a outra candidatura. Depois, há outros partidos, legitimamente, democraticamente, que se apresentam, mas não vão liderar governos. Não vão ser os fatores da estabilidade do governo”, sustentou.
No seu discurso, o presidente do PSD prometeu também ter uma palavra forte na política externa, numa conjuntura de incerteza internacional.
“Em vez de ficar a lamentar a situação, quero decidir com a Europa como é que se ultrapassa a situação e quero ter uma palavra nas organizações internacionais, nas nossas relações externas, bilaterais, com todos os espaços, com todos os blocos comerciais do mundo para construir pontes”, disse.
Antes, a presidente da Câmara de Vila Verde e mandatária concelhia da AD, Júlia Fernandes, defendeu que a coligação PSD/CDS-PP “precisa de ganhar por muitos” no próximo domingo.
“Portugal precisa de estabilidade, não podemos andar a brincar neste momento com o nosso país: estamos em momentos muito decisivos do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência”, afirmou.
A autarca defendeu que, antes dos 11 meses do executivo PSD/CDS-PP, o país “estava na rua, em greves, completamente destroçado”, contrapondo que o Governo liderado por Luís Montenegro cumpriu em 11 meses “um terço dos compromissos” para quatro anos.
Júlia Fernandes afirmou ainda que os ministros do executivo “conhecem o terreno, não estão sentados à secretária sem saber onde é Vila Verde”, salientando que um deles é mesmo da terra – o seu marido e ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes.