O presidente do Chega, André Ventura, falou hoje no final de uma arruada em Guimarães sobre as forças de segurança, mas no Jardim da Alameda, onde muitos idosos se concentram, houve quem protestasse por não falar de pensões.
A arruada por Guimarães, que começou quase com uma hora de atraso, foi curta e rápida, com André Ventura a percorrer apenas 400 metros, no centro da cidade, onde houve algum caos e muito ruído, alimentado pelos bombos e gritos de palavras de ordem, e pouco espaço e tempo para ouvir pessoas.
O percurso, naquela que foi a única iniciativa da campanha do Chega do dia de hoje, até poderia ter demorado menos de meia hora, se não fossem as interpelações de dois lesados do BES, durante a arruada. Tirando isso, a maioria das interações resumiram-se a pouco mais do que votos de “Bom Ano” aos transeuntes, que Ventura insiste em dar já no final de janeiro.
Vídeo: Ivo Borges / O MINHO
A arruada terminou no Jardim da Alameda, onde é habitual todos os dias muitos idosos da cidade se concentrarem.
Perante esse público e cerca de três dezenas de militantes e simpatizantes, o discurso do presidente do Chega centrou-se nas forças de segurança.
“As nossas polícias têm de ter autoridade. Não podem continuar a ter medo de atuar perante bandidos ou perante qualquer situação de perigo. Hoje, os bandidos riem-se das polícias”, afirmou André Ventura, considerando que as forças de segurança “têm medo de agir” (Portugal é indicado por vários índices como um dos países mais seguros do mundo).
Depois de no domingo ter prometido uma pensão de 200 euros para os antigos combatentes, hoje André Ventura voltou às promessas e comprometeu-se a assegurar um subsídio de risco de 300 euros (é atualmente de 100 euros) já neste ano e para todas as forças de segurança em Portugal.
“É algo que vamos levar ao Parlamento já no primeiro semestre de 2022”, referiu.
No final do discurso, quando já se preparava para sair, com os Mercedes de vidros fumados à espera do líder do Chega, Ventura foi interpelado por um reformado.
“Tem que defender uma reforma para nós. Trabalhei 48 anos e vou ter uma reforma de miséria”, disse Miguel Fonseca, de 63 anos, que por acaso estava no Jardim da Alameda aquando do discurso.
À agência Lusa, o habitante de Guimarães criticou o facto de Ventura não ter falado de pensões (o político já abordou o assunto noutras ocasiões).
“Ouvi o discurso, mas não falou. Está aqui tanto reformado e nem uma palavra para nós, que estamos cada vez mais no fundo”, criticou Miguel Fonseca.
Também Alberto Maria, de 63 anos, apontava para o mesmo: “falou de bandidos, mas não falou das reformas”.
“Anda aqui com o dinheiro do Benfica, a vender a banha da cobra”, disse, frisando que preferia morrer a votar no Chega.
Outro reformado, que assistiu ao discurso, também não se deixou convencer por André Ventura, apesar de considerar que partidos como o dele são importantes para “puxar pelas orelhas a quem governa”.
No entanto, no dia 30, será no PS que vai votar, frisou.