Em Braga, o futebol ainda é para as famílias, mas os riscos são muito ‘calculados’

Reportagem no jogo SC Braga-Vizela

Dois episódios de tensão nas bancadas de estádios de futebol têm estado na ordem do dia. Nomeadamente aquele que deixou uma criança em tronco nu em Famalicão ou quando uma criança ao colo do pai foi alvo de insultos no Estoril por parte de adeptos da equipa adversária, no sábado.

Estes episódios não afastam as famílias das bancadas em Braga e a ‘festa do futebol’ seguiu com normalidade em dia de dérbi minhoto – entre SC Braga e FC Vizela . O sentimento geral foi de “confiança” para trazer os filhos ao futebol, mas os pais confessam que ‘calculam’ muito bem os riscos: jogos de “maior risco” são a evitar. 

À entrada do estádio, reinava o ‘fair-play’ entre adeptos das duas equipas. Os adeptos vizelenses passeiam-se calmamente entre os bracarenses sem motivos de preocupação para as forças de segurança. Não há ingredientes no ar para espoletar relações azedas e isso traz as famílias à ‘bola’. 

Delmar Almeida veio com os dois filhos, de nove anos, e a esposa ao futebol precisamente por considerar que este é um jogo “calmo”. Tem “vindo” com alguma regularidade, mas “em jogos maiores já não” sai do sofá. “

Há sempre uma certa insegurança, porque continua a não haver civismo nas pessoas e as crianças começam a ficar com mais medo de virem ao futebol. Quando são jogos assim pequenos, vimos”, explica Delmar Almeida.

Delmar Almeida e família. Foto: Pedro Gonçalo Costa / O MINHO

Luís Delgado também se passeia com os filhos Martim (12 anos) e Matias (8 anos) nas imediações do estádio a caminho da entrada. O pai confessa que também é muito prudente na escolha das partidas. “Têm sempre de ser jogos de menor risco, para ser possível garantir alguma segurança para eles”, afirma.

Já Abel Tiago, que trouxe o seu filho de três anos, considera que, na ‘pedreira’, os jogos são sempre “confortáveis para os pais”. “Mesmo nos ‘grandes’ jogos, que são sempre jogos de alto risco, são controlados facilmente”, afirma Abel Tiago que trouxe o filho, na última época, para ver o encontro frente ao Rangers (Liga Europa).

A alameda do Municipal de Braga tem habitualmente insufláveis e outras atividades para as crianças em dias de jogo. Foto: Pedro Gonçalo Costa / O MINHO

Flávia Melo tem a mesma opinião. Sente-se “muito confiante” e diz ser “sempre muito seguro e organizado” assistir ao futebol em Braga. Flávia Melo vive em Portugal há menos de um ano, acompanha o SC Braga desde a sua chegada e o filho é guarda-redes na formação do clube bracarense.

A sua satisfação com o “fair-play” entre ‘torcedores’ é ainda maior porque conhece a realidade do seu país. “No Brasil eu não levava os meus filhos a jogos de futebol, é bem violento. Aqui é muito diferente”, compara. E acrescenta: “Já aconteceu da claque adversária estar connosco e foi tudo tranquilo, não houve qualquer briga”. 

Luís Delgado e família. Foto: Pedro Gonçalo Costa / O MINHO

Luís Delgado, por sua vez, diz-se um amante de futebol e percorre vários estádios para assistir ao espetáculo – nem sempre para acompanhar o Braga – e dá uma sugestão. “Depende dos estádios, mas devia haver um sítio especial para as famílias. Ou seja, um sítio onde nós, pais, consigamos trazer os nossos filhos ao futebol com mais segurança. Há estádios em que é complicado comprar bilhetes, metem-nos numa parte em que há claques, pessoal da ‘pesada’ e não dá para os miúdos estarem a ver o jogo tranquilos. Acho que deviam criar um setor onde as famílias conseguissem ir ver o futebol”. 

 
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