Eixo Atlântico critica postura da ministra da Coesão sobre fundos europeus

Xoan Mao acusa Ana Abrunhosa de falta de neutralidade
Eixo atlântico critica postura da ministra da coesão sobre fundos europeus

O secretário-geral do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular, Xoan Mao, criticou hoje a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, por se reunir com o Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Rio Minho numa altura de candidaturas a fundos europeus.

“Eu creio que um membro do Governo, nesta altura, em que estão a ser lançadas as candidaturas, tinha que ser escrupulosamente neutral e não fazer nenhuma declaração que seja mal percebida”, disse Xoan Mao à Lusa.

Apesar de referir não estar “preocupado” e de “não ver problemas”, e de a ministra poder fazer “o que entenda”, o responsável do Eixo Atlântico, organização de cooperação transfronteiriça que reúne 39 municípios do Norte de Portugal e da Galiza, considerou que não deve ser aquela “a mensagem a lançar às pessoas”.

“A mensagem tem de ser que terá fundos quem tenha melhores projetos, que nesses projetos cumpra os objetivos e que tenha capacidade demonstrada de gestão, o que quer dizer que quem executar todos os fundos que pedir, e não tiver auditorias contra em que tenha de devolver dinheiro”, defendeu o secretário-geral do Eixo Atlântico.

Na terça-feira, a ministra Ana Abrunhosa reuniu-se em Pontevedra, na Galiza, com a deputação local e com o AECT do Rio Minho, constituído em 2018 abrangendo 26 concelhos: os 10 municípios do distrito de Viana do Castelo que compõe a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho e 16 concelhos galegos da província de Pontevedra, com ligação ao rio Minho.

“Face a um novo quadro comunitário, a um novo conjunto de verbas do POCTEP [Programa de Cooperação Transfronteiriça Espanha – Portugal], a cooperação do Norte de Portugal com a Galiza e o AECT Rio Minho, são para nós muito importantes”, disse Ana Abrunhosa.

“Nós revemo-nos totalmente na estratégia que têm, comum, que tem vários eixos”, disse então a ministra, acrescentando que esses eixos “podem ser alimentados por verbas da cooperação, mas também por verbas das CCDR”, as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, que gerem os fundos europeus a nível local.

Segundo Ana Abrunhosa, a estratégia “está alinhada com as prioridades dos fundos comunitários” e tem “as prioridades bem definidas”, pedindo “mãos à obra”.

Xoan Mao assegurou que o Eixo Atlântico, “até que estejam feitas as candidaturas”, não vai “convidar nenhum membro do Governo que tenha a ver com os fundos”.

“Parece-nos, primeiro, um ataque institucional e uma falta de delicadeza em relação ao papel que deve ter o Governo. Não vejo com simpatia o que está a fazer a ministra Abrunhosa”, disse à Lusa o secretário-geral do Eixo.

Para Xoan Mao, “nesta altura seria necessário respeitar a institucionalidade do Governo, o papel de árbitro e de neutralidade”.

O responsável do Eixo Atlântico deixou ainda elogios à secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, Isabel Ferreira, mas assegurou que não a convidaria para uma reunião “nesta altura”.

Segundo Xoan Mao, a secretária de Estado “fala com toda a gente, ouve toda a gente”, e quanto à estratégia transfronteiriça que vai apresentar na cimeira [Ibérica, dia 04 de novembro], o Eixo Altântico foi consultado, “como toda a gente”.

“Nós apoiámos a estratégia, achamos que todos nos sentimos integrados nela, nós não queremos que atirem outras pessoas para fora, queremos que integrem todos”, advogou.

 
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