Edição ilustrada de “Os Lusíadas” apresentada em Guimarães

Bienal de Ilustração

A edição ilustrada e adaptada de “Os Lusíadas” que esta tarde foi apresentada no âmbito da Bienal de Ilustração de Guimarães é o resultado de uma colaboração entre pessoas e instituições, uma ideia que surgiu do diretor artístico da BIG, Tiago Manuel, também ele o coordenador artístico da edição. Pessoas e representantes dessas instituições reuniram-se durante a tarde deste sábado, na Sociedade Martins Sarmento, para explicar a importância de uma obra que surge para estimular um novo pensamento sobre o clássico de Luís de Camões.

Paulo Lopes Silva na sua intervenção fez questão de agradecer a todos o trabalho realizado para que a edição fosse possível. Para o Vereador da Cultura, esta edição despertará certamente um novo interesse em torno da obra camoniana, sem “o desencanto da obrigatoriedade”. “Esta é uma edição completamente realizada por mulheres e isso não é algo menor. Uma edição apoiada pela Câmara Municipal de Guimarães, uma vez que, enquanto instituição, esta deve ter como preocupação a criação de condições para que a Cultura se faça”, frisou.

Rui Vieira de Castro, Reitor da Universidade do Minho, deu destaque ao significado da obra para a Universidade, pois esta mobiliza o entendimento da sua missão. “Da Universidade espera-se uma educação distinta e superior”, disse. Uma educação que alargue as fronteiras do conhecimento e promova o desenvolvimento das pessoas. Rui Vieira de Castro referiu-se à edição como distintiva e de elevada qualidade. “A ser uma nova conversação com Os Lusíadas, cumprimos o nosso papel”, concluiu.

Paulo Vieira de Castro, presidente da Sociedade Martins Sarmento, mostrou o seu contentamento pelo facto de ter sido escolhido o espaço da instituição a que preside para a apresentação de tão importante obra. “A Sociedade Martins Sarmento tem, além de uma primeira edição de Os Lusíadas, uma edição manuscrita e ilustrada, pelo que a escolha do local foi acertada. Nós cultivamos este património e temos uma vocação universalista e de abertura ao exterior”, disse.

Tiago Manuel, diretor artístico da BIG, salientou o facto de ser esta uma edição produzida totalmente por mulheres. “Não serve para cumprir nenhuma agenda política. É uma edição simbólica. Contudo, não deixa de ser um ato político, na medida em que o Município de Guimarães dá um sinal claro de que a igualdade de género é imprescindível”, disse. Referindo-se à obra, Tiago Manuel diz trazer um pensamento diferente sobre a obra maior que é “Os Lusíadas”. Uma edição que surgiu de conversas demoradas com Rui Vieira de Castro, Reitor da Universidade do Minho. “Só avançámos com esta edição quando obtivemos o acordo da Professora Rita Marnoto. Camões é um território muito escorregadio”, concluiu.

Rita Marnoto, professora da Universidade de Coimbra, e especialista em estudos camonianos, destacou o momento particularmente feliz que “as palavras pouco podem dizer”, e disse ter sido a conversa que deu início ao nascimento do projeto um momento de uma “sintonia rara”. “Quem faz uma edição de Os Lusíadas tem que ter muito rigor, cuidado e precisão, independentemente do estilo. Os Lusíadas prestam-se a ser atualizados pois um clássico fala para todos os tempos e oferece-se a várias leituras. Esta edição dá a ler e a ver o poema, com um arranjo gráfico moderno e com o texto no novo acordo ortográfico, pensando nos alunos das escolas”, disse.

A representante da editora Kalandraka, Margarida Noronha, disse que a edição não teria sido possível sem os apoios da Câmara Municipal de Guimarães, da Universidade do Minho, da Professora Rita Marnoto e das artistas, destacando o ponto de vista feminino da obra, “que pode constituir-se como uma mais-valia”.

Esta edição é uma evocação do papel da mulher na cultura nacional e em particular na ilustração, completamente ilustrada por 10 mulheres artistas: Carolina Celas, Joana Rêgo, Joana Estrela, Madalena Matoso, Amanda Baeza, Inês Machado, Mariana Rio, Catarina Gomes, Marta Madureira e Marta Monteiro. A direção literária e fixação de texto para o português atual foi da responsabilidade da Professora Doutora Rita Marnoto e o design esteve a cargo de Joana Pires.

 
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