Eanes aplaudido de pé por Marcelo, Cavaco, Montenegro, Aguiar-Branco e Pedro Nuno Santos

Ex-Presidente da República
Foto: LUSA

O antigo Presidente da República Ramalho Eanes foi hoje aplaudido de pé pelo atual e pelo anterior chefes de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa e Cavaco Silva, pelo primeiro-ministro, pelo líder do PS e pelo presidente do parlamento.

A ocasião foi a apresentação do livro “Ramalho Eanes – Palavra que conta”, da autoria da jornalista Fátima Campos Ferreira, que decorreu em jeito de homenagem ao longo de hora e meia, num auditório cheio da Culturgest, em Lisboa.

“Confesso que tenho uma certa dificuldade em encontrar as palavras certas para me dirigir de forma adequada e de forma digna aos muitos amigos presentes nesta cerimónia. A palavra que talvez traduza melhor o que vai no meu espírito é a palavra reconhecimento”, afirmou o general e primeiro Presidente da República eleito em Portugal, que exerceu o cargo entre 1976 e 1986.

Ramalho Eanes agradeceu à jornalista, ao sociólogo António Barreto, que apresentou a obra, e de quem recordou o percurso como ministro da Agricultura “nos anos difíceis de 1976 e 1977”.

Também ao prefaciador da obra, Marcelo Rebelo de Sousa, Eanes agradeceu as palavras e a disponibilidade: “Sei quais são as suas funções e, por isso, não posso deixar de atribuir especial significado à sua presença. Das suas palavras, eu sei que são exageradas e que não as mereço totalmente, mas confesso que já me habituei – mal reconheço – a receber do Sr. Presidente provas frequentes de inequívoca simpatia”.

“Não posso, naturalmente, deixar de agradecer, ainda, a presença do Sr. primeiro-ministro, dr. Luís Montenegro, que terá interrompido os seus importantes afazeres de gestão no nosso país para estar aqui”, disse, estendendo os agradecimentos ao presidente da Assembleia, Aguiar-Branco, ao líder do PS, Pedro Nuno Santos, e aos ministros e ex-ministros presentes.

O general fez questão de agradecer, de modo particular, a “presença simpática” dos chefes dos Estados-Maiores – entre os quais não esteve o da Marinha, o almirante Gouveia e Melo, que esta semana comunicou formalmente a indisponibilidade para ser reconduzido, sendo apontado como possível candidato presidencial.

“Queria, para finalizar, agradecer a todos e dizer-lhes, simplesmente, muito, muito, muito obrigado”, afirmou, no final de uma breve intervenção.

Antes e depois de discursar, o general António Ramalho Eanes recebeu aplausos de pé de toda a assistência, onde se contavam, além das mais altas entidades do Estado, personalidades como o antigo presidente do parlamento Ferro Rodrigues, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, ou o ministro da Defesa, Nuno Melo, entre muitas outras.

Com a chancela da Porto Editora, o livro hoje apresentado nasceu a partir de uma entrevista televisiva da jornalista Fátima Campos Ferreira ao general, transmitida em maio passado peã RTP, tendo sido alargada e completada em múltiplas conversas depois do verão.

Antes, o sociólogo e antigo ministro António Barreto tinha destacado o papel do antigo chefe de Estado como “representante nacional” em momentos decisivos do país, e lembrado o seu diagnóstico crítico da atual situação das Forças Armadas e o papel central do no 25 de Novembro de 1975.

“António Ramalho Eanes tem lugar cativo na galeria dos maiores, sorte a nossa sr. Presidente”, elogiou. 

Nascido em Alcains, Castelo Branco, em 25 de janeiro de 1935, Ramalho Eanes foi o primeiro Presidente da República eleito por sufrágio universal em democracia, nas presidenciais de 1976, e cumpriu dois mandatos na chefia do Estado, até 1986.

Como militar, participou na Guerra Colonial. Depois do 25 de Abril de 1974, foi o comandante operacional do 25 de Novembro de 1975, que marcou o fim do chamado Período Revolucionário em Curso (PREC), e chefiou o Estado-Maior do Exército.

Depois de deixar a Presidência da República, veio a liderar o Partido Renovador Democrático (PRD), força política que nasceu quando estava a terminar o seu segundo mandato, inspirada na sua figura, e que foi a terceira mais votada nas legislativas antecipadas de 1985.

 
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