O PCP criticou hoje a intervenção do presidente ucraniano Vlodomyr Zelensky na sessão extraordinária na Assembleia da República, na qual os comunistas não participaram.
Segundo a porta-voz parlamentar do PCP que, à semelhança dos outros partidos que participaram, comentou a intervenção, perante os jornalistas, a comparação do governante ucraniano entre a atual resistência face aos russos e o golpe militar que levou ao 25 de Abril, é “um insulto”.
Paula Santos considerou que o discurso de Zelensky “serviu para animar a confrontação, bem visível ao apelo a mais armamento e sanções, quando o que é necessário é o diálogo e solução negociada que trave a guerra”.
“A revolução de Abril foi feita para pôr fim ao fascismo. É um insulto esta referência ao 25 de abril, porque na Ucrânia estão a agredir os anti-fascistas. Há mais de 100 anos que o PCP luta pela paz. E essas são as questões fundamentais”, acrescentou.
“O 25 de Abril contribuiu para a liberdade e democracia, mas permitiu a libertação de anti-fascistas e democratas, e na Ucrânia o que se passa é o contrário, há um poder xenófobo e belicista, que ilegalizou o partido comunista da Ucrânia, que suspendeu atividade de um conjunto de partidos políticos no próprio país. Não há comparação possível”, considerou.
Paula Santos diz que os comunistas estão pela paz, enquanto outros partidos “ainda não perceberam o que está em causa e outros apoiam a guerra”.
Reiterou que ficaram muitas perguntas por fazer a Zelensky: “Onde estão os jovens comunistas ucranianos que foram presos? Tencionam continuar a perseguir comunistas e antifascistas ucranianos?. Se continua a banir partidos políticos. Se quer continuar associado a um massacre onde queimaram pessoas vivas em 2014, em Odessa”.
E reforçou: “O PCP defende a paz e esse é o caminho que temos pela frente. Na luta pela paz na Europa e no mundo, na construção de uma segurança comum para a Europa e para o mundo”.
A porta-voz dos comunistas diz não temer consequências no eleitorado: “O povo português está pela paz, não quer a guerra. E é isso que o PCP defende e o caminho que preconiza é cessar fogo imediato de todas as partes e criar diálogo para uma solução pacífica para o conflito. E é nesse caminho que o Governo português deve seguir, com ações diplomáticas, para encontrar uma solução pacífica”.
E criticou a intervenção de Augusto Santos Silva: “Pelo cinismo e branqueamento da natureza do regime da Ucrânia, que ao longo de oito anos desencadeou uma guerra, agrediu o próprio povo, persegue a população e não avança no sentido de encontrar uma solução pacífica. A guerra não se resolve com mais equipamento militar ou sanções, guerra só traz mais guerra e o que é preciso é a paz”.