Dormir numa tenda futurista com wi-fi e ar condicionado é possível em Guimarães

Turismo

Dormir numa tenda, mas com wi-fi, ar-condicionado e televisão por cabo. O melhor do contato com a natureza sem perder nenhum dos confortos urbanos. É a proposta do Guimaglamp, a um passo de Guimarães, na freguesia de Gémeos, com o monte de Santa Quitéria em pano de fundo.

O termo glamping, usado para referir este tipo de alojamento, resulta da fusão de duas palavras inglesas: glamorouse (glamoroso, luxuoso) e camping (campismo). O campismo tradicional exige um certo tipo de perfil, uma capacidade de viver com limitações e até alguma experiência e equipamento adequado para lidar com as situações que vão surgindo.

As pessoas que não reúnem estas características ficam normalmente arredadas da experiência de dormir na natureza, do som dos pássaros, dos céus estrelados, da sensação de dar um passo e estar ao ar livre. O gampling resolve este problema. Neste caso, a tenda já está montada, tem ar condicionado, televisão por cabo e wi-fi, mas não se perde nada da sensação de estar na natureza. O melhor de dois mundos.

Foto: Rui Dias / O MINHO
Foto: Rui Dias / O MINHO

No Guimaglamp, em tempo de pandemia, ainda tem a vantagem adicional de o pequeno-almoço e o jantar serem entregues no quarto. O serviço está a funcionar assim porque as áreas comuns estão encerradas, para reduzir o contato entre hóspedes. Em condições normais há uma zona de pequenos-almoços, um espaço feito com dois contentores adicionados a uma casa de pedra.

Este Gampling é como diz a Lei da Conservação da Matéria, de Lavoisier, “nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”. As ripas de umas velhas paletes forram um movel de cozinha e resultam num balcão para a zona de bar, um velho aparador leva uma pintura e serve de receção, velhas máquinas de costura são agora mesas de pequeno-almoço, um velho tronco de eucalipto deu uma linda mesa de apoio, uma caixa de vinhos serve de recanto para um Santo António, uma desgastada bacada de marceneiro resultou numa linda mesa de jantar. Os exemplos são inúmeros.

Foto: Rui Dias / O MINHO
Foto: Rui Dias / O MINHO
Foto: Rui Dias / O MINHO
Foto: Rui Dias / O MINHO

A mão e a sensibilidade são de Lígia que descobriu esta veia de decoradora quando se lançou neste projeto com o marido, Cláudio. Em tempos o casal foi proprietário de um bar e mais tarde de um restaurante, mas não foi por essa via que chegaram à ideia de entrar neste negócio.

Na verdade, o primeiro dome (é assim que se chamam as tendas em forma de iglô), foi comprado para a filha do casal. O terreno onde está instalado o Guimaglamp foi comprado para construir uma piscina e a casa que hoje serve de apoio, onde são servidos os pequenos-almoços (em condições normais), foi feita para a família passar uns momentos de descontração.

“E se nos metêssemos numa coisa destas mais a sério?” – Foi a pergunta que se colocaram passado algum tempo. O conceito era novo e não havia muito por onde tirar ideias. Lígia tinha visto, há muitos anos, em França, um conceito semelhante, mas com tendas transparentes. “Estava fora de questão”, comenta.

Foto: Rui Dias / O MINHO
Foto: Rui Dias / O MINHO
Foto: Rui Dias / O MINHO
Foto: Rui Dias / O MINHO

Foram visitar o Natura Gampling, na serra da Gardunha, um dos primeiros em Portugal, e ganharam coragem. 

Começaram logo com um enorme percalço, quando os domes, importados da China chegaram sem os forros interiores. Com a chegada da pandemia foi impossível desbloquear a situação. Valeu o facto de estarmos numa região têxtil e a habilidade manual de Lígia. “Encontramos o tecido especial e foi a Lígia que costurou tudo”, explica Cláudio. 

Se não bastasse este problema, quando tudo estava finalmente pronto para arrancar, o país estava em confinamento. Com tudo pronto, o grande dia da entrada do primeiro hóspede foi sendo adiado até ao dia 14 de fevereiro, Dia dos Namorados.

Só com alguma divulgação nas redes sociais o negócio arrancou. O conceito é novo e desperta curiosidade. “Estamos muito limitados, nesta altura não há turistas que fiquem vários dias e, aos fins de semana, as pessoas não podem sair do concelho. Isto, para já, é só para as pessoas de Guimarães”, reconhece Cláudio.

O casal encontrou neste negócio um novo estilo de vida, mais calmo. Num dos domes a filha do casal está em aulas à distância, Lígia dedicou-se por completo ao negócio e está atualmente a decorar o grande dome que estão a instalar para receber eventos e Claúdio habituado ao frenesim do negócio automóvel, reconhece que a calma do lugar lhe faz bem.

O espaço tem oito domes, dois para casais, três com dois quartos, dois grandes com cozinha, sala e três quartos e um para eventos. Há também um bungalow, feito com dois contentores, que é menos requisitado. “As pessoas vêm pela experiência diferente do dome”, afirma Lígia.

O bungalow é, no entanto, também uma bela experiência, pelo que Lígia fez na decoração interior do espaço. É lá que está a linda mesa feita a partir de uma bancada de marceneiro.

Na zona comum há uma grande piscina para os dias mais quentes e uma sauna, que agora está encerrada por motivos sanitários. É possível requisitar serviços de massagem no dome, até porque não vai ter vontade de sair.

Os preços variam entre 110 e 140 euros a noite, por uma experiência de campismo de luxo, a quatro quilómetros do Santuário da Penha, em Guimarães, numa encosta virada a sul, banhada pelo sol desde os primeiros instantes da manhã. Se tiver oportunidade, escolha o dome mais alto, acorde cedo, abra as cortinas e veja o nascer do sol na cama.

 
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