Dois jovens referenciados como membros do Grupo das Enguardas serão julgados por balearem um rival do Grupo do Fujacal, na zona dos bares da Universidade do Minho, em Braga, na madrugada de 28 de maio de 2021. A vítima foi atingida com três disparos, à queima roupa, só tendo sobrevivido por não serem afetadas áreas letais, mas teve que ser operado de emergência no Hospital de Braga.
Elton M., identificado pelos opositores como integrando o Grupo do Fujacal, também jovem, de nacionalidade moçambicana, ferido com três dos nove tiros de pistola disparados contra si enquanto fugia, foi, de acordo com as conclusões da a juíza de instrução criminal de Braga, baleado por “motivos torpes e sobretudo raciais num contexto da luta de gangues”, das Enguardas e do Fujacal.
Recorde-se que o Grupo das Enguardas é integrado mais por elementos de etnia cigana e o Grupo do Fujacal tem mais mais membros de ascendência africana, embora ambos com vários caucasianos e parte dos quais nem sequer residem em nenhum desses dois bairros.
A rivalidade latente entre jovens moradores dos dois bairros sociais de Braga, que seria muito fomentada com troca de ameaças, principalmente pelas redes sociais, levou mesmo a haver uma chamada “lista de morte”, em que uma rapariga publicou as imagens, nomes e caraterísticas físicas dos rivais, anunciando: “Vamos matar todos os pretos do Fujacal!”.
Tiroteios em Braga: Gangues já têm uma “lista da morte” a circular na internet
Vítima atingida com três tiros
Elton M. foi cercado num túnel pedonal para acesso à zona dos bares universitários de Braga, alegadamente agredido por Rui F. e depois baleado por Sandro J., perseguindo a vítima a pé durante centenas de metros e disparando, até ser socorrido por dois amigos, que o transportaram em estado grave para a Urgência do Hospital de Braga.
A juíza de instrução criminal confirmou a acusação do Ministério Público, salientando, no despacho que leva ambos a julgamento, ter sido Helton M. “emboscado” pelos dois arguidos “vindos de direções opostas”, tudo isto para “o encurralar, agredir e atingir a tiro, o que foi concretizado, a propósito da rivalidade entre os gangues”.
Existem mais dois agressores, mas que a Polícia Judiciária nunca conseguiu identificar, apesar de a Brigada de Homicídios se ter desdobrado com esses e outros casos de tiroteios.
Sandro J., de 20 anos, encontra-se em prisão preventiva, enquanto Rui F., de 31 anos, ficou com obrigação de permanência na habitação através do controlo remoto de pulseira eletrónica, tendo sido acusados em coautoria de tentativa de homicídio e cada um por posse de arnas proibidas, na sequência das buscas realizadas nas suas residências, pela Polícia Judiciária de Braga.
A juíza de instrução criminal recusou os requerimentos no sentido de libertar os arguidos, fundamentando que “o tiroteio teve grande repercussão na comunidade”, além de que “as armas utilizadas não foram encontradas”, podendo voltar às mãos dos arguidos, sendo que “num tiroteio existe sempre a possibilidade de causar vítimas colaterais, alheias aos motivos do tiroteio e quem nela toma parte ativa demonstra uma forte insensibilidade pelo valor da vida humana”.
Grupo das Enguardas aguarda julgamento
Os arguidos do Grupo das Enguardas aguardam julgamento por tiros indiscriminados no Fujacal que atingiram não só os rivais, como um terceiro, na noite de 05 de setembro de 2020.
O julgamento dos suspeitos do Grupo das Enguardas engloba igualmente um baleamento da moradia de um dos jovens que apagara a pintura Enguardas Bronx, em 18 de março de 2021, na Rua de Garcia de Orta, na freguesia de Nogueira, da cidade de Braga.
Grupo do Fujacal absolvido de quase tudo
Como O MINHO noticiou, os suspeitos do Grupo do Fujacal foram recentemente absolvidos dos disparos no Bairro das Enguardas, com penas residuais, mas somente pela posse das armas de fogo usadas nos disparos contra os seus rivais, ao fim da tarde de 18 de março de 2021, quando tinham rasurado a pintura “Enguardas Bronx” e pintado a palavra “Fujacal” acima da pichagem.
‘Grupo do Fujacal’ absolvido de tentativa de homicídio após tiroteio em Braga
Perante a mudança extrema de três supostas vítimas, todos irmãos, que no julgamento se retrataram em uníssono das anteriores acusações por tentativa de homicídio, afirmando mais recentemente que afinal os tiros foram disparados para o ar, todos os três arguidos do Grupo do Fujacal foram logo libertados e absolvidos por essas imputações.
Foram, assim, apenas condenados nesse caso com penas de multa, por posse de armas de fogo proibidas.