Documentário “Free Solo” nomeado aos Óscares tem dois portugueses na equipa

Joana Niza Braga e Nuno Bento são, respetivamente, ‘foley mixer’ e ‘foley artist’ do documentário da National Geographic

O filme norte-americano “Free Solo”, nomeado este ano para o Óscar de Melhor Documentário, conta na ficha técnica com dois nomes portugueses: Joana Niza Braga e Nuno Bento, da equipa de som.

Joana Niza Braga e Nuno Bento, ambos de 27 anos, são, respetivamente, ‘foley mixer’ e ‘foley artist’ do documentário da National Geographic, no qual os realizadores Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi acompanham o alpinista norte-americano Alex Honnold na escalada, sem cordas ou proteções, da parede de granito El Capitan, com 900 metros de altura, situada no Parque de Yosemite, nos Estados Unidos.

O trabalho de Joana Niza Braga e de Nuno Bento foi “todo feito remotamente”, a partir de Lisboa, na pós-produtora de cinema Loudness Films, onde há “um estúdio de ‘foley’ bastante grande”, contou aquela profissional, em declarações à Lusa.

O ‘foley’ permite criar sons que por vezes não são captados nas rodagens. “Muitas vezes aquilo que estamos a ver nos filmes, em termos de som, não está lá, não existe ou está muito mal gravado, especialmente no ‘Free Solo’, em que temos o Alex a escalar uma montanha gigante”, referiu Joana, considerando que “deve ter sido muito difícil conseguir captar algum som decente” na rodagem daquele documentário.

Com o ‘foley’, é possível “criar a ilusão de que existe essa proximidade com as personagens que estão no ecrã”.

“Por exemplo, temos o Alex a escalar e nós conseguimos ouvir a parede e todo o material dele, quando na verdade é tudo falso. É tudo criado por nós: pelo ‘foley artist’ e pelo ‘foley mixer’, que juntos trabalhamos para conseguir tornar esse som verdadeiro para aquilo que estamos a ver”, desvendou.

Enquanto dupla, Joana Niza Braga e Nuno Bento fizeram “inúmeros projetos juntos, portugueses e norte-americanos”.

Os ‘foley artists’, “quem está reproduzir o barulho”, costumam dizer, segundo Joana, “que os ‘foley mixers’ são os ouvidos, porque o som captado pelo microfone é diferente, um bocadito, da perceção auditiva normal”.

“Free Solo” está ainda nomeado para os prémios da Cinema Audio Society (CAS) e para os Golden Real, os prémios da Motion Picture Sound Editors (MPSE).

Aos 27 anos, Joana Niza Braga conta no currículo com um filme premiado. Em “Balada de um batráquio”, de Leonor Teles, filme vencedor do Urso de Ouro de Curta-Metragem no Festival de Cinema de Berlim, em 2016, foi responsável pela montagem de som.

Foi através desse filme, da colega de curso Leonor Teles, que chegou à Loudness Films, onde estagiou e onde permanece até hoje.

Nuno Bento começou a trabalhar na pós-produtora de cinema depois ter estudado Produção e Tecnologias da Música na ETIC/EPI e Som para Audiovisuais e New Media na Restart.

A 91.ª cerimónia de entrega dos Óscares está marcada para 24 de fevereiro, em Los Angeles.

 
Total
0
Shares
Artigos Relacionados