Artigo de Opinião
Patrícia Marques e Sofia Sousa
Terapeutas da fala do Serviço de Medicina Física e Reabilitação ULS Braga
Dia 14 de novembro celebra-se o Dia Nacional do Terapeuta da Fala. Uma vez que, em contexto hospitalar, o terapeuta da fala atua essencialmente ao nível das perturbações da deglutição, interessa sensibilizar para a prevalência crescente das disfagias na comunidade.
A disfagia é uma perturbação da deglutição, ou seja, dificuldade em engolir, que pode ocorrer em qualquer momento da vida, desde o nascimento até à idade adulta. Esta dificuldade pode coexistir com uma patologia congénita ou adquirida. Nas disfagias prevalentes desde o nascimento, podemos encontrar casos neurológicos, alterações morfológicas e anatómicas, que comprometem o funcionamento harmonioso do sistema estomatognático. Nas disfagias adquiridas prevalecem maioritariamente casos neurológicos (decorrentes de AVC e TCE por exemplo), casos oncológicos, entre outros.
A disfagia depreende uma dificuldade em qualquer fase da deglutição (antecipatória oral, oral, faríngea e esofágica) e é da responsabilidade do terapeuta da fala avaliar e intervir na sua reabilitação. Esta dificuldade pode ter impacto nas diferentes funções do sistema estomatognático – respiração, sucção, deglutição, mastigação e fala, afetando o indivíduo em diferentes atividades do seu quotidiano.
A atuação precoce do terapeuta da fala pode ser determinante na qualidade de vida do indivíduo e parceiros privilegiados, uma vez que a deglutição está intimamente relacionada com questões nutricionais, mas também sociais. Para isto, é realizada uma avaliação inicial pormenorizada, especificamente da motricidade orofacial e da funcionalidade da deglutição, de forma a delinear um plano de intervenção individualizado. São planeados exercícios e estratégias (terapêuticas e compensatórias), adequados a cada individuo, para aumentar a segurança e eficácia da deglutição, em todos os contextos. Contudo, embora a reabilitação da deglutição seja individualizada, existem algumas estratégias gerais que podem facilitar o momento da refeição, tais como: adotar uma postura correta, com ligeira flexão da cabeça; diminuir ou eliminar todos os distratores durante as refeições; não falar com alimento/líquido na boca; não misturar consistências líquidas com sólidas; gerir a quantidade de alimento/líquido; e manter uma higiene oral adequada. É essencial que todos, como seres integrantes de uma comunidade, estejamos atentos a sinais de disfagia, identificando indivíduos que possam estar em risco.
Se apresentar dificuldade e/ou dor ao engolir, tosse e engasgos frequentes, perda de peso e/ou recusa alimentar, bem como infeções respiratórias sem causa aparente, procure um terapeuta da fala especializado em deglutição.