A deputada à Assembleia da República, Isabel Moreira, publicou um post na sua conta pessoal no Facebook, onde mostra uma mensagem que lhe foi dirigida por um dirigente do CDS de Barcelos, através do serviço de mensagens Messenger. Armindo Leite enviou uma mensagem pessoal, de forma espontânea, onde escreve: “És uma vergonha, fufa [NDR. lésbica] de merda, mata-te…”.
A deputada notou, posteriormente, tratar-se de um dirigente dos centristas, e pediu explicações à direção nacional do CDS. “Pois é, acho isto intolerável”, justificou.
Assunção Cristas, presidente do partido, reagiu de imediato, através da sua conta no Twitter, repudiando “qualquer comentário de ódio”.
Repudio em absoluto qq comentário de ódio. O CDS pauta-se pelo respeito de todas as pessoas e de todos os pontos de vista e condena comentários deste teor. Apesar de só vincular o próprio, não posso deixar de lamentar profundamente o sucedido e pedir desculpa à Isabel Moreira.
— Assunção Cristas (@CristasAssuncao) 29 de março de 2019
“Apesar de [o comentário] só vincular o próprio, não posso deixar de lamentar profundamente o sucedido e pedir desculpa à Isabel Moreira”, escreve Cristas.
A nível local, também no dia, a concelhia de Barcelos reagiu à polémica.
Na sexta-feira, o CDS de Barcelos emitiu uma nota onde refuta “qualquer comportamento ou atitude homofóbica, xenófoba ou sexista, venha ela de quem vier”.
“Sendo um partido tolerante e respeitador não nos revemos em declarações que ponham em causa a liberdade de opinião de quem quer que seja”, escreve numa declaração publicada na sua página no Facebook. Contudo, acrescenta: “De qualquer forma, a concelhia não é responsável nem pode ser comprometida pelas posições que qualquer dos seus elementos, a título particular, possa exprimir”.
Isabel Moreira voltou ao tema no domingo, novamente através do Facebook, numa análise mais geral, onde refere “o conservadorismo feroz” como uma das duas consequências de quem “decide lutar pelo alargamento a todas e a todos de todos os direitos”.
Apesar de ter acontecido na sexta-feira, as repercussões têm-se feito sentir ainda esta semana. Na segunda-feira, o assunto foi abordado num artigo de opinião arrasador no jornal Expresso.
Daniel Oliveira, colunista do semanário, defende que “menos do que um processo disciplinar que leve à expulsão não resolve o problema”. “Trata-se de traçar uma fronteira entre a atividade política e a criminalidade política”, justifica.
De acordo com informação disponível no site do CDS, e consultada hoje por O MINHO, Armindo Leite integra a Comissão Política Concelhia, presidida por António Ribeiro, onde desempenha a função de secretário.
Isabel Moreira é deputada desde 2011, eleita como independente, nas listas do Partido Socialista.