O diretor do Departamento Regional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade do Norte do ICNF, Jorge Dias, alertou para a “sobrecarga” que está a sofrer o Parque Nacional da Peneda-Gerês, afirmando ser necessário “tomar algumas medidas”.
Jorge Dias, engenheiro florestal de formação, falava nas comemorações do 54.º aniversário do único parque nacional português, num discurso inteiramente baseado em factos, sem ser alarmista, enumerou os principais problemas de sobrelotação no Gerês.
Mais de 500 carros por dia na Mata de Albergaria
Aquele dirigente do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestais (ICNF) deu, a título de exemplo, o caso da Mata de Albergaria, “onde no verão afluem diariamente mais de 500 automóveis, no total estimado de cerca de 1.200 pessoas por dia, numa zona de proteção natural e encostada a áreas de proteção total naquele que é um dos pontos icónicos do parque nacional”.
Mais pedidos para visitar áreas de proteção total
Jorge Dias revelou que “há um crescimento global de visitação a todas as áreas do Parque Nacional da Peneda-Gerês de mesmo os pedidos de autorização para acesso pontual às áreas de proteção total [onde é proibido circular mesmo que a pé] continuam a subir, tendo passado de 11 mil no ano de 2023 para 12 mil no ano de 2024, que é muito elucidativo da procura dessas zonas”.
Face aos desafios que se apresentam, “com a pressão nas áreas de ambiente natural e a chegar já às áreas de proteção total”, o dirigente do ICNF preconizou que “esta zona tem que ser cada vez mais preservada” e para não se perderem os “valores naturais”.
“As redes sociais transformaram algumas zonas do Parque Nacional da Peneda-Gerês”
Jorge Dias explicou que “as redes sociais transformaram algumas zonas do Parque Nacional da Peneda-Gerês, que eram alguns dos locais pouco conhecidos e agora estão a sofrer uma pressão enorme de visitantes”, como as chamadas Cascatas do Tahiti.
Segundo o responsável do ICNF, “as prioridades agora são por isso mesmo o consolidar o plano de visitação e o seu respetivo ordenamento, isto é, as suas regras, as que já estão estabelecidas, como nas áreas de proteção total, porque têm grande pressão”.

Licenciado em Engenharia Florestal, pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em 1994 e pós-graduado em Ciências do Ambiente, Área de Especialização em Qualidade Ambiental, pela Universidade do Minho em 1998, Jorge Manuel Martins Dias, de 53 anos, é natural de Sá, na freguesia de Covide, em Terras de Bouro, conhecendo desde sempre o território geresiano.