A agricultura e os temas sociais, como as redes de creches e de apoio aos idosos, foram temas que estiveram hoje na campanha para as eleições legislativas de domingo, com o PS a mudar a sua agenda.
O secretário-geral do PS, António Costa, cancelou uma ‘arruada’ na Nazaré e antecipou uma visita às obras de requalificação do IP3 prevista para quarta-feira, por estar a ponderar deslocar-se nesse dia aos Açores, na qualidade de primeiro-ministro, para acompanhar os trabalhos de prevenção da Proteção Civil face à passagem do furação “Lorenzo”.
“É sempre mais útil prevenir do que remediar e, mesmo sendo candidato [nas eleições legislativas], não deixo de ser primeiro-ministro. Gosto de separar as situações de candidato nas eleições e de primeiro-ministro, mas não posso desligar-me delas. Não posso meter férias como primeiro-ministro”, declarou António Costa aos jornalistas, ao final do dia, durante a visita às obras do IP3, em Penacova, no distrito de Coimbra.
O presidente do PSD, Rui Rio, considerou que “é difícil ter uma opinião” sobre esta opção de António Costa, porque existe “uma mistura entre as funções de candidato e as funções de primeiro-ministro”.
Rui Rio dedicou a manhã à agricultura, em Lamego, no distrito de Viseu, onde anunciou que, se formar Governo, o antigo ministro Arlindo Cunha voltará a ser o titular desta pasta, pela qual já foi responsável há 30 anos, no primeiro executivo liderado por Aníbal Cavaco Silva.
Relativamente a Tancos, o presidente do PSD não quis comentar as palavras do histórico socialista Manuel Alegre, que criticou a sua atuação em relação a este caso chamando-lhe “justiceiro eleitoralista”, para evitar descredibilizar a campanha. “A tendência para o disparate é enorme até sexta-feira”, observou.
O tema de Tancos manteve-se na campanha pela voz da presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, que – na véspera da reunião na Assembleia da República em que se decidirá sobre a convocação ou não da Comissão Permanente para debater o caso de Tancos, a pedido do PSD – divulgou outra iniciativa sobre este caso.
Em visita a um laboratório farmacêutico, nos arredores de Coimbra, Assunção Cristas comunicou que o CDS-PP vai pedir formalmente, por escrito, que o parlamento envie ao Ministério Público as declarações prestadas pelo primeiro-ministro e pelo anterior ministro da Defesa, Azeredo Lopes, sobre Tancos, caso isso ainda não tenha sido feito.
Mais tarde, a presidente do CDS-PP esteve num lar e centro de dia em Viana do Castelo, onde salientou que o seu partido propõe a criação de uma “rede de apoios e de cuidadores para os mais idosos, para que ninguém fique sozinho”.
Por sua vez, a coordenadora nacional do BE, Catarina Martins, visitou uma escola no Porto, onde deixou a promessa de não “deixar cair” o tema dos cuidadores informais, batendo-se pela concretização do estatuto que foi aprovado no final desta legislatura e pelo que falta fazer relativamente a esta matéria.
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, esteve num jardim de infância em Sobral de Monte Agraço, no distrito de Lisboa, para publicitar a proposta de criação de uma rede pública de creches gratuitas, e manifestou a convicção de que o resultado da CDU “está em construção”, porque que os comunistas estão “a conseguir ultrapassar o preconceito” de muitos eleitores.
“Sim, houve avanços, mesmo no plano de afastar esse obstáculo que é o preconceito. Havia muitas pessoas que se identificavam e identificam totalmente com a nossa proposta e intervenção, os seus conteúdos, e depois havia ali uma barreira muito ténue que as condicionava. O que vemos hoje é muita gente a libertar-se”, disse Jerónimo de Sousa.
O porta-voz do PAN, André Silva, também falou de expectativas eleitorais, considerando que o seu partido se está “a consolidar no sistema democrático português” e que “as sondagens de rua” indicam um apoio maior do que os estudos de opinião lhe têm atribuído.
Durante uma ação de campanha em Coimbra, André Silva defendeu a posição do PAN a favor da redução do consumo de carne, justificando-a com razões de saúde pública com e com o combate às alterações climáticas: “Se não, qualquer dia, não temos agricultura”, alegou.
A cabeça de lista do PCTP/MRPP por Lisboa reuniu-se com a direção da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA), e pediu ao Governo melhores condições de vida para os antigos combatentes.
Mendo Castro Henriques, cabeça de lista por Lisboa do Nós, Cidadãos!, assinalou o Dia Nacional da Água, junto ao Tejo, e sugeriu que as centrais de dessalinização podem ser uma solução para a desertificação.
O presidente do Partido Democrático Republicano (PDR), Marinho e Pinto, esteve no Porto, onde apontou “a abstenção e o desânimo dos portugueses perante a democracia” como principal adversário nestas eleições, defendendo “Portugal precisava de refundar a República”.
O líder do Reagir – Incluir – Reciclar (RIR), Vitorino Silva, andou em campanha no metro de Lisboa, e profetizou que o seu partido será “o tomba gigantes” das legislativas de domingo.