Descontentes com estratégia de combate à ‘vespa asiática’ manifestam-se em Caminha

Associação de apicultores demarca-se.

Um movimento cívico do Alto Minho marcou para sábado em Caminha uma manifestação contra a estratégia oficial de combate à vespa asiática, iniciativa da qual já se demarcou a Associação Apícola Entre Minho e Lima (APIMIL).

O protesto, anunciado esta terça-feira e intitulado “Todos contra a Vespa”, está a ser convocado por um grupo de cidadãos “descontentes com a resposta que tem sido dada pelas autoridades nacionais e europeias ao combate da vespa velutina [vespa asiática]”.

O porta-voz daquele movimento cívico, Marco Portocarrero, adiantou que “a nível da União Europeia, até agora não houve coordenação em torno de um problema que afeta toda a Europa. Acrescentou que, a nível nacional, tem sido feito “muito pouco” para travar um problema que existe desde 2011.

“A única coisa positiva que foi feita foi aproveitar uma iniciativa desenvolvida por cidadãos, a plataforma digital SOS Vespa”, afirmou.

O presidente da APIMIL, Alberto Dias, demarcou-se dos promotores do anunciado protesto por considerar que a “prioridade” é definir uma estratégia de combate àquela praga.

“Neste momento, o importante é reunir-se e pôr as coisas a andar. É preciso constituir um grupo de trabalho para traçar uma estratégia de combate à vespa asiática”, disse.

A vespa asiática é uma espécie predadora que foi introduzida na Europa através do porto de Bordéus, França, em 2004. Os primeiros indícios da sua presença em Portugal surgiram em 2011, mas a situação só se agravou a partir no final do seguinte.

Para o presidente da APIMIL, com cerca de 160 associados, “não vale a pena fazer protestos sem antes apresentar medidas concretas” para travar aquela praga.

“Já informei os organizadores dessa manifestação que não vamos participar porque, nesta altura, a APIMIL está interessada em definir, com o governo e com outras entidades, a solução para o problema”.

Disse ter participado, na semana passada, em Bruxelas, “em reuniões de trabalho para sensibilizar as autoridades comunitárias para o problema”.

“Há quatro países que se debatem com esta praga, e depois há 28 que não ouviram falar dela. É preciso apresentar estratégia capaz para a UE perceber a gravidade daquela praga que ainda não é considerada uma espécie invasora”, frisou.

Alberto Dias adiantou que o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) ”está a liderar o “Plano de Ação para a Vigilância e Controlo da Vespa Velutina em Portugal” que vai ser candidatado ao Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR).

Avançou que, no âmbito daquele plano, “deverá estar criado, em janeiro de 2016, o grupo de trabalho que irá definir a estratégia nacional de combate à vespa asiática”.

Dados da APIMIL indicam que cada ninho pode albergar até 2.000 vespas e 150 fundadoras de novas colónias, que no ano seguinte poderão vir a criar pelo menos 6 novos ninhos.

Segundo os apicultores, esta espécie, “mais agressiva”, faz com que as abelhas não saiam para procurar alimento por estarem sob ataque, enfraquecendo as colmeias, que acabam por morrer colocando em causa a produção de mel.

Viana do Castelo é o concelho do Alto Minho com maior número de casos daquela espécie. Segundo dados dos bombeiros municipais, desde 2012, foram sinalizados 1.098 ninhos, dos quais 955 já foram destruídos.

A destruição ocorre sempre quando cai a noite, período em que as vespas fundadoras estão no interior das colmeias.

O protesto convocado pelo movimento cívico está convocado para o período entre as 10h00 e as 12h00 de sábado, no Terreiro de Caminha.

 
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