Alguns edifícios que estão submersos junto à Barragem do Alto Lindoso, entre Ponte da Barca e Ourense (Galiza), estão a ser revelados conforme desce o nível da água armazenada na principal albufeira daquela estação hidroelétrica localizada no rio Lima, em pleno Parque Nacional Peneda-Gerês. A ponte sobre o rio Cabril é o que mais salta à vista do lado português, enquanto do outro lado da margem é possível ver o que resta da antiga aldeia espanhola de Aceredo, ‘afundada’ em 1992 para a construção da barragem.
Será normal para a altura do ano, explica a EDP, com reforço de um gráfico estruturado em dados oficiais da Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Mas alguns populares afirmam que o nível está mais baixo relativamente a anos anteriores, algo que a EDP não confirma. Mas também não desmente, uma vez que só em novembro será possível verificar a média de outubro, mês em que se mantém a redução no nível da água devido à pouca chuva.
Os baixos níveis na principal albufeira da estação permitem ver a antiga ponte sobre o rio Cabril, em Ponte da Barca, que servia para atravessar o curso de água que nasce no alto da Serra Amarela e desagua naquela albufeira. Do outro lado da fronteira é possível ver a antiga aldeia de Aceredo e a sua antiga ponte, edifícios habitualmente submersos durante todo o ano.
Em períodos de maior seca, é possível ver quase toda aquela aldeia espanhola, como relatam peças de jornais nacionais de 2011 e de 2017, os últimos anos em que a situação parece ter sido noticiada e o Minho foi afetado por um período de menor precipitação.
Normal para a época, diz a EDP
De acordo com o relatório da APA relativo ao armazenamento na Bacia Lima, que compreende as albufeiras de Alto Lindoso e de Touvedo – esta última com uma capacidade de armazenamento 25 vezes inferior à primeira -, os valores estão normais para esta época do ano.
Conforme mostra o gráfico relativo aos três últimos anos, é habitual uma descida do nível da água durante o verão, que se começa a fazer sentir mais na altura do outono, de forma a capacitar a albufeira para receber a água das chuvas no inverno. A explicação é da própria EDP, em resposta às questões colocadas por O MINHO.
“O reduzido armazenamento da albufeira do Alto Lindoso é o resultado da exploração normal efetuada pela EDP em que, durante o verão e outono, se procede a uma descida gradual de modo a ter encaixe para as afluências que se verificam no inverno”, clarifica a entidade responsável pela gestão da barragem minhota.
É possível verificar no mapa relativo ao armazenamento das albufeiras a nível nacional que a Bacia Lima é a segunda do país com menor percentagem de água armazenada nesta altura do ano. Entende-se, portanto, que será também a única bacia do país à espera da chuva para encher, uma vez que as restantes (com exceção das zonas secas do Alentejo e Algarve) mantêm a água armazenada.
Preparar o inverno
A EDP afirma que esta gestão é “habitual e sempre efetuada dentro dos limites definidos pela APA nos Contratos de Concessão”, clarificando ainda o motivo da albufeira de Touvedo (a segunda da Central do Alto Lindoso) estar quase cheia: “Uma das funções desta barragem a jusante é, precisamente, regular os caudais do Alto Lindoso”.
“Estamos a prepararmo-nos para o inverno e, desse modo, termos a possibilidade de minimizar o efeito de eventuais cheias”, acrescenta ainda a EDP, garantindo que o armazenamento será reposto durante o inverno, caso se trate de um ano normal em termos de precipitação.