O deputado do PSD Jorge Paulo Oliveira, de Famalicão, defendeu esta sexta-feira, em conferência de imprensa dos líderes parlamentares, que o Governo está a “cair aos bocados” e que o primeiro-ministro deve “pôr ordem na casa” após mais uma demissão de um secretário de Estado, desta vez da Defesa.
Os três partidos mais alinhados à direita, PSD, Chega e IL, defenderam que se mantenha a audição parlamentar prevista ao secretário de Estado da Defesa demissionário, com vários partidos a quererem também ouvir a atual ministra da Defesa e o anterior titular da pasta.
O primeiro-ministro apresentou ao Presidente da República a proposta de exoneração do secretário de Estado da Defesa, Marco Capitão Ferreira, a pedido do próprio.
O PSD, pela voz do deputado famalicense Jorge Paulo Oliveira, defendeu que Marco Capitão Ferreira deve ir ao parlamento na próxima semana, como está previsto, sustentando que “seria do interesse do próprio” e do Governo dar explicações e que a “circunstância da demissão não dispensa o escrutínio de todos os atos que estão sob suspeita”.
O coordenador do grupo parlamentar social-democrata na Comissão de Defesa Nacional disse também que “não dispensa” explicações da ministra da Defesa, Helena Carreiras, caso a audição do secretário de Estado não aconteça ou se os sociais-democratas não ficarem satisfeitos com as explicações, bem como pedir explicações a “outros ex-membros do Governo se se impuser para a obtenção da verdade”.
O deputado lamentou que o Governo esteja “permanentemente envolto em questões internas” e considerou que “está a cair aos bocados e é incapaz de se focar na resolução dos problemas do país” e apelou ao primeiro-ministro que ponha “ordem na casa”.
André Ventura concorda
Na mesma linha, o líder do Chega disse que a demissão hoje anunciada “não é inesperada e já devia ter acontecido”, considerando que Marco Ferreira já não tinha “condições de governabilidade” depois das várias polémicas que o envolveram.
Tal como o PSD, André Ventura disse esperar que esta demissão não tenha como objetivo “impedir que Marco Capitão Ferreira seja ouvido no parlamento”, depois de ter sido aprovado esta semana um requerimento do partido nesse sentido.
O presidente do Chega anunciou que o partido vai, desde já, acrescentar um pedido de audição da ministra da Defesa, questionando como entendeu que este secretário de Estado tinha condições para se manter no cargo, dado que o pedido de demissão terá sido feito diretamente ao primeiro-ministro.
BE já previa o desfecho
Pelo BE, a deputada Joana Mortágua considerou igualmente esta demissão “um desfecho previsível” depois da sucessão de casos a envolver o secretário de Estado e aponta responsabilidades ao primeiro-ministro.
“O questionário que impôs aos membros do Governo era uma história para adormecer crianças, não resolve os problemas de fundo”, disse, criticando igualmente o excessivo recurso a consultorias externas por parte do Governo.
Finalmente, considerou que um executivo “em permanente gestão de casos e casinhos está demasiado distraído para governar o país”, e defendeu que, além da atual ministra, também o anterior ministro da Defesa e titular da pasta de Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, deveriam dar explicações, já que muitos dos casos remontam à época em que tutelava a Defesa.