Declarações dos treinadores após o Vizela – FC Porto (1-3), jogo dos quartos de final da Taça de Portugal de futebol, disputado no Estádio do Futebol Clube de Vizela:
Álvaro Pacheco (treinador do Vizela): “Não é fácil preparar um jogo nestas circunstâncias [casos de infeção pelo coronavírus em nove jogadores]. Não sabíamos com quem poderíamos contar até ao último momento. Nas adversidades, há sempre oportunidades. Olhando para a trajetória da nossa equipa e para o sonho do Jamor, gostaríamos de ter preparado este jogo na máxima força para termos maior probabilidade de continuar na prova.
Agarrámo-nos à nossa identidade. Queríamos reduzir a diferença face ao jogo do campeonato, em que o FC Porto foi muito superior, e imprimir o nosso jogo. Os jogadores tiveram um desempenho fantástico. Tivemos muitos jogadores da formação. Este é um clube que gosta de trabalhar a formação. Estamos tristes por não sermos capazes de continuar na prova, mas, dentro das adversidades, tenho de estar orgulhoso pela reação da minha equipa ao jogo anterior (derrota com o Moreirense, por 1-0] e pelo que o Vizela fez frente ao FC Porto. Pelo que fizemos, merecíamos o prolongamento. Criámos muitas oportunidades.
A equipa mostrou determinação, raça, crença, uma vontade muito grande de continuar nesta prova. Isso deve-se à ambição muito grande em conquistar metas e objetivos. Queríamos fazer história. Se ganhássemos este jogo, fazíamo-la, porque nunca tínhamos chegado às meias-finais. Muitos jogadores sem oportunidade apareceram para se mostrarem.
A equipa tem vindo a crescer e a ganhar consistência. O nosso objetivo imediato é o de sermos mais regulares. Para equilibrar o jogo frente ao FC Porto, tínhamos de ser uma equipa compacta e cerebral. Iria haver momentos em que seríamos capazes de dominar o jogo. Era importante termos mais solidez. Mantivemos o jogo vivo até à parte final. Tínhamos de sair deste jogo mais preparados para o próximo. Sinto que o Vizela está mais preparado.
Foi a primeira semana em que não consegui dormir [enquanto treinador do Vizela], porque [o que estava para vir] era uma incógnita. Quando não se sabe dificuldades que se vai ter, é mais difícil [trabalhar]. Tive de pensar em como passar a mensagem para os jogadores num contexto diferente. E tínhamos de pensar no impacto que isto teria no grupo. Não só abordámos o jogo, como os fizemos ver que a vida não corre como planeamos. Temos de nos saber adaptar à forma como ela corre. O que me deixou mais ansioso foi a espera pelos resultados dos testes PCR. Só soube que poderia contar com o Pedro Silva e com o Alex Méndez em cima do jogo. Se não pudesse, teria de utilizar mais dois elementos da formação”.
Sérgio Conceição (treinador do FC Porto): “Foi uma vitória difícil, num campo também difícil. Foi uma primeira parte onde não soubemos desmontar a boa organização defensiva do Vizela. Fizemos o golo, mas depois tivemos perdas de bola em zonas problemáticas, que nos criavam perigo através de ataques rápidos. Na segunda parte, mudámos um pouquinho. Precisávamos de velocidade nos corredores e conseguimos desmontar a boa organização do adversário.
Os intervalos são sempre importantes, porque retificamos algumas situações. Na linha lateral, fica difícil de passar a mensagem. Hoje tornou-se ainda mais difícil, porque tinha muitos adeptos do Vizela interessados na minha pessoa. São adeptos fantásticos. Nestes dois últimos jogos, os intervalos foram importantes.
Se continuar desta forma, muito comprometido, como tem estado neste último mês, [Fábio Vieira] pode conseguir [a titularidade]. É dos jovens portugueses com mais qualidades. Tem de juntar algumas características importantes, dentro e fora do campo.
O Corona fez o seu trabalho. Não é de agora que joga a lateral. Hoje não tinha nenhuma solução para lateral de raiz [no lado direito]. Há ali uma lacuna e o trabalho do treinador é, dentro dos jogadores à disposição, encontrar soluções. Temos dois centrais com experiência e qualidade acima da média de fora e vamo-nos adaptando. É um momento difícil em termos de lesões, para nós e para outras equipas, como o Vizela, que tinha muitos casos de covid-19.
O ‘mercado’ de janeiro não faz sentido. As entradas e as saídas ‘mexem’ sempre com os jogadores. Em relação ao Sérgio [Oliveira], [que se transferiu para a Roma], não gosto de perder nenhum jogador, nomeadamente jogadores com história no clube e que têm peso importante no balneário. Falo no plano desportivo. Noutros planos, não consigo responder. Claro que quando chega alguém e bate a cláusula de rescisão de um jogador, não há nada a fazer.
Não há nenhuma pessoa mais importante do que o nosso clube [a propósito da eventual saída de Corona]. Todos temos a nossa história. Os jogadores que cá ficarem estarão cá para conseguirmos o objetivo de vencer o campeonato e de chegar à final da Taça de Portugal, para a ganhar”.