Declarações dos treinadores após o Vitória SC-Benfica (3-3), jogo da segunda jornada do grupo A da terceira fase da Taça da Liga de futebol, disputado em Guimarães:
Pepa (treinador do Vitória SC: “Temos de valorizar o jogo que todos viram. Houve duas boas equipas, muita qualidade e incerteza no resultado até ao fim. Não entrámos mal, mas é duro, numa primeira parte, sofrer três golos em quatro remates. A equipa reagiu com qualidade e ‘emoção’. Tivemos bola e volume ofensivo. Procurámos fazer tudo para ganhar o jogo. No campeonato, o Benfica ganhou bem [3-1]. Hoje, tenho de dizer que fizemos tudo para ganhar.
O jogo estava empatado. Sentimos que tínhamos de ganhar e que merecíamos mais, mas jogámos contra uma grande equipa. Tentámos de tudo, mas não conseguimos. Tivemos uma bola à trave, o golo do 3-3, um último remate do Bruno [Duarte]. Fizemos alterações para mudar muito. Foi um jogo difícil, porque nos vimos a perder por 2-0.
Não [tentava outra abordagem a este jogo], mas concordo que, na primeira parte, tivemos dificuldades na pressão alta. Quando sofremos um golo como sofremos, ficamos em dificuldades. Corrigimos e melhorámos muito. Não fomos eficazes na pressão do nosso ‘corredor’ direito na primeira parte.
Fazer 20 remates contra o Benfica não é normal. No volume ofensivo, fomos iguais a nós próprios. Não tivemos medo de perder. Foi um jogo bonito de se ver, emotivo, intenso, com qualidade. Foi pena não termos fechado a classificação [do grupo], mas continuamos em primeiro e depois logo se vê.
Numa adversidade, num erro, num golo sofrido, a equipa parece que abanava [em outros jogos]. Desta vez reagiu, uniu-se, entrou no jogo. Quando assim é, só temos de estar de consciência tranquila.
São momentos [a propósito da fragilidade defensiva da equipa]. Estivemos vários jogos sem sofrer golos e éramos a melhor defesa do campeonato. É um bocado frustrante sofrer de cada vez que as equipas adversárias vão à frente.
Estes árbitros estão habituados ao videoárbitro (VAR). Estamos todos habituados ao VAR. De repente, temos uma competição sem VAR. Eles têm de decidir na hora e estão sujeitos ao erro. Não posso criticar o árbitro. Tenho é de valorizar o jogo. Mas acho que, num momento de decisão na Taça da Liga, a Liga [Portuguesa de Futebol Profissional] deveria garantir VAR”.
Jorge Jesus (treinador do Benfica): “Houve muitas alterações, mas a equipa não se ressentiu durante a primeira parte. A primeira parte do Benfica é de muita qualidade de jogo, que chega com alguma facilidade ao 3-1. Depois, mesmo a acabar, sofre o 3-2. Antes disso, o João Mário poderia ter feito o 3-0. O 3-2 fez com que a equipa do [Vitória de] Guimarães fosse para o intervalo a acreditar que poderia reentrar no jogo.
Na segunda parte, perdemos posicionamento, capacidade de saída, alguma competitividade na organização defensiva. Com as alterações, o [Vitória de] Guimarães foi tendo mais ascendente errante a nossa última linha. Com as três substituições, a ideia era tentar parar um bocadinho e render os jogadores mais cansados. Não conseguimos parar o corredor central. Acabámos por deixar o Guimarães ter mais bola. na primeira parte, o Guimarães ‘correu’ sempre atrás da bola.
Foi um grande jogo. Houve seis golos. Não houve cá ‘tretas’ de jogadores a atirarem-se para o chão. As duas equipas jogaram em busca do resultado. Com o videoárbitro, o terceiro golo [do Vitória] seria fora de jogo e haver um penálti sobre o Gonçalo Ramos, mas já passou. A única coisa negativa foi não termos conseguido segurar a vantagem. O Gonçalo Ramos fez um grande jogo, o Pizzi, enquanto teve capacidade física, esteve muito bem.
A contratação dele [do Nemanja Radonjic] era para nos dar algo nessa posição [ala direita]. Já tinha feito isso em jogos amigáveis e no último jogo, com o Vizela [triunfo por 1-0]. Fez um grande golo, mas teve de sair, porque estava cansado. É um problema dos jogadores que não jogam tanto. Ele pode jogar no sistema que eu quiser – 3x4x3, 4x3x3 e 4x4x2. Além dele, houve muitos jogadores que disseram ao ‘mister’: ‘Podem contar connosco’. Foi o melhor deste jogo, porque não ganhámos. Deram-nos um sinal positivo para este ciclo de jogos de três em três dias.
Fomos uma equipa sempre pressionante. Perdemos alguma velocidade para chegar ao portador da bola. Alguns erros de posicionamento tiveram a ver com aquilo que o jogo vai ditando. É um jogo muitas vezes de treinadores em termos de estratégia. Uma das partes belas do jogo é quando os treinadores mandam para o jogo várias nuances táticas e estratégicas.
Pensava ganhar [o jogo]. O empate ainda nos dá uma possibilidade [de nos apurarmos para a ‘final four’ da Taça da Liga]. Podemos fazer os mesmos pontos do Guimarães. Precisamos de ganhar pelo menos por dois golos [ao Sporting da Covilhã].
Não há comparação entre um jogo contra o Barcelona e jogos contra o Portimonense, o Vizela e o Vitória de Guimarães [a propósito da questionada quebra exibicional recente]. Hoje, tivemos qualidade na primeira parte e criámos muitas oportunidades. Contra o Portimonense, não fomos uma equipa com tanta qualidade [derrota por 1-0]. Quanto ao Vizela [triunfo por 1-0], é um jogo diferente. Há alguma comparação entre um jogo com o Barcelona e um jogo com o Vizela? Hoje não conseguimos ganhar, mas a exibição teve notas muito positivas.”