Neste Artigo
Vítor Costa já ajudou mais de 20 famílias norte-americanas a instalarem-se na região do Minho. Nascido e crescido em Barcelos, está há cerca de cinco anos em Ponte de Lima. Depois de várias experiências nas mais diversas áreas profissionais, enveredou pelo ramo imobiliário. Com a mulher, Maria Malheiro, criou a Portugal Door que não só arranja casa aos clientes estrangeiros interessados, mas os ajuda em tudo o que é necessário para terem uma boa adaptação ao nosso país. Os clientes norte-americanos encontram em Portugal a segurança e qualidade de vida que procuram. A procura do nosso pais por estrangeiros, grande parte deles com capital, está a aumentar. E Vítor Costa acredita que é para continuar a crescer.
Vítor Costa tem 31 anos e nasceu na freguesia de Galegos Santa Maria, em Barcelos. Nem sempre trabalhou no imobiliário, longe disso. O seu primeiro trabalho foi no restaurante Royal, no centro comercial do Terço, em Barcelos, gerido, à época, por Jorginho, hoje à frente do famoso restaurante Turismo. “O Jorginho foi o meu primeiro patrão”, recorda em conversa com O MINHO.
Mas, depois, teve muitos outros. Trabalhou no apoio ao cliente da Apple, no Mcdonald’s, em postos de abastecimento de combustíveis, foi controlador de qualidade. “Só que sentia sempre que faltava alguma coisa”, conta.
Passou, então, “por um período em que não sabia para onde [se] virar”, até que um dia o irmão recomendou-lhe ouvir o ‘audiobook’ do “Pai Rico, Pai Pobre”, de Robert T. Kiyosaki. Aí, “as coisas começaram a fazer sentido” e começou a perceber que “iria querer ser um investidor e que o imobiliário iria passar a ser parte daquilo em que quereria investir”.
As palavras do ‘guru’ do investimento iam ao encontro dos “valores” de Vítor Costa: “Prefiro um trabalho em que se eu não produzir não recebo por aí, mas, ao mesmo tempo, se a qualidade do meu trabalho e os meus resultados forem maiores, também consigo ter um rendimento maior”.
E assim chegou ao imobiliário em 2019.
Efeito bola de neve
Dois anos depois de ser agente imobiliário, participou num programa de partilha de experiências em que acabou por ter alguns norte-americanos a pedirem-lhe ajuda: “E foi aí que começámos a trabalhar com eles. Comecei a perceber que o desafio de arranjar casa em Portugal era muito maior para alguém que não fala a nossa língua”.
Outros norte-americanos começaram a referenciá-lo e outros mais foram aparecendo, em efeito bola de neve. “Quando começamos a trabalhar mais com pessoal estrangeiro, começámos a pensar nas dificuldades que eles têm. Muitos deles tinham dificuldade até em falar com um agente imobiliário de cá. Houve clientes que me ligaram a primeira vez e ficaram surpreendidos por eu atender”, sublinha.
“Não queremos só vender a casa a um estrangeiro”
Entretanto, a mulher, Maria Malheiro, com quem tem uma filha de quatro anos, tornou-se também “parceira de negócio”. “Juntou-se a mim e, imediatamente, o negócio começou a correr melhor”, garante.
E qual a diferença entre o serviço da Portugal Door e uma qualquer imobiliária? “A nossa missão – e não é só para estrangeiros – é fazermos tudo para ajudar as pessoas a viverem a melhor vida possível”, explica. “Não queremos só vender a casa a um estrangeiro”.
Vítor Costa desenvolve: “Qualquer problema que eles tenham nós ajudamos. A Maria está, neste momento, a tratar de criar cursos de português prático: ensinar as pessoas como encomendar coisas no restaurante, no café, cosias funcionais para o dia-a-dia. Estamos também a preparar aulas de culinária portuguesa. Estamos sempre à procura de profissionais para colaborar connosco de forma a dar mais qualidade de vida aos nossos clientes”.
As parcerias vão desde companhias elétricas, seguradoras, crédito e tudo o mais que fizer falta: “Já conseguimos ajudar os nossos clientes a terem contribuinte e conta bancária portugueses. E estamos sempre a criar novas parcerias que nos permitam dar aos clientes a melhor qualidade de serviços. Estamos sempre à procura de profissionais de várias áreas com os quais trabalhar”.
Braga é a mais procurada
O Minho – entre Braga, Ponte de Lima, Viana do Castelo, Esposende – é área para a qual Vítor Costa é mais requisitado e para a qual está mais orientado, pois é a zona que melhor conhece. Mas os pedidos podem vir para todo o país.
“Nessas áreas estamos 100% tranquilos em ajudar as pessoas. Se quiserem, por exemplo, ir para Oliveira do Hospital ou Coimbra, também ajudamos, mas mencionamos que na parte imobiliária arranjaremos um bom agente daquela zona e que consiga dar o melhor acompanhamento”, vinca o consultar imobiliário, que faz parte da equipa de Nuno Venceslau, da rede internacional EXP Realty, a qual também permite também encontrar boas referências no mercado.
Vítor Costa já ajudou cerca de 25 famílias a fixarem-se no território minhoto. Vítor Costa dá nota de que 60% dos clientes tên interesse em Braga, uns 10% em Viana, 15% em Ponte de Lima e os restantes 25% “espalhados um bocadinho pelo país”.
“São Martinho do Porto também é muito procurado porque existe uma grande comunidade imigrante lá”, acrescenta.
Luxo? “Por acaso, não”
Dos seus clientes, cerca de 95% são dos Estados Unidos e Canadá. “Por algum motivo, temos uma percentagem um bocado maior de pessoas vindas do Colorado. Se calhar por causa do vídeo que fizemos no nosso canal do Youtube com um casal do Colorado. Já tivemos clientes do Texas, do Alasca, alguns do Canadá”. Mas, embora em menor número, também há quem venha do Reino Unido, Noruega ou África do Sul.
Questionado se este é um mercado exclusivamente de luxo, Vítor Costa responde que, “por acaso, não”.
“Ajudamos todo o tipo de pessoas, alguns que realmente têm bastantes recursos financeiros, mas, para dizer a verdade, a maior parte parece ter uma vida simples, com as suas reformas e pensões. Querem vir para Portugal reformar-se, não terão muito mais dinheiro do que é a média, talvez mais um bocado. Também já tivemos cliente vindos do estrangeiro que, em termos financeiros, são semelhantes ao de um cidadão português comum”, acentua.
À procura de segurança e qualidade de vida
E o que leva estrangeiros, nomeadamente os norte-americanos, a escolherem Portugal para viver? “Existem vários motivos. Um dos mais importantes, com base no que temos sentido, é a segurança. Portugal está entre os países mais seguros do mundo [em 2023 está em 7.º lugar]”, responde.
Há ainda outros motivos, como a instabilidade política nos países de origem, nomeadamente nos Estados Unidos da América, onde a sociedade está dividida e as posições muito extremadas. Mas os americanos também apreciam em Portugal o “estilo de vida mais lento”, o clima, “a qualidade de vida” e, não menos importante, a alimentação.
“Tive um cliente que me disse que dos 37 conservantes que usam lá na América só três são permitidos na Europa, os alimentos cá são melhores. E dá para ver, muitos dos meus clientes, desde que vieram para cá, parecem mais saudáveis, mais elegantes e mais enérgicos. Acredito que a alimentação tem muito que ver com isso também”, atesta o consultor imobiliário.
“País muito acolhedor”
Portanto, Portugal é um bom local para os estrangeiros viverem e está na moda. Vítor Costa acredita que a tendência é para manter-se. Entre vários fatores, como as já mencionadas “instabilidades políticas”, “há mais gente à procura de alternativas e Portugal é um país muito acolhedor”, justifica.
E conclui: “Acredito que irá continuar, a menos que aconteça alguma coisa. Não me parece que vá abrandar, porque vindo mais pessoas para cá, mais pessoas vão falando com as outras e cria-se essa partilha”.