O primeiro-ministro, António Costa, afirmou hoje que não desvaloriza a corrupção, e que o tem demonstrado no seu percurso político “sem retórica e com ação”, acusando os críticos de construírem “uma mentira”.
“Não! Não desvalorizo a corrupção. E tenho-o demonstrado ao longo da minha vida política, sem retórica e com ação”, escreve o chefe do executivo num artigo de opinião no jornal Observador intitulado “Desvalorizo a corrupção?”.
Neste artigo, Costa responde que não desvaloriza a corrupção, mas também não desvaloriza “a mentira”.
O primeiro-ministro recua no tempo sustentando que “a profunda reforma legislativa” que produziu como ministro da Justiça, “as medidas de transparência” que introduziu na gestão municipal e “o atual reforço sem precedentes dos meios de combate à corrupção por parte da Polícia Judiciária” são uma “resposta cabal” ao título do artigo.
“Porquê então a pergunta? Porque ao longo da semana fui assistindo à construção de uma mentira a partir da deturpação de uma resposta a uma pergunta… que não me foi feita”, escreve António Costa.
O chefe do executivo faz referência a uma conferência de imprensa que deu no passado dia 08 de julho, antes de um Conselho de Ministros informal, em Sintra, um dia depois de o antigo secretário de Estado da Defesa Nacional Marco Capitão Ferreira se ter demitido e ter sido constituído arguido na operação ‘Tempestade Perfeita’.
No artigo, o primeiro-ministro coloca uma transcrição do diálogo que trocou com os jornalistas nesse dia e um ‘link’ para a conferência de imprensa.
“Como poderão constatar, ninguém falou de corrupção. Nem os jornalistas quando me questionaram, nem eu quando lhes respondi. Não, não desvalorizo a corrupção, mas também não desvalorizo a mentira”, remata o primeiro-ministro.
No passado dia 08 de julho, antes de um Conselho de Ministros informal, em Sintra, o primeiro-ministro não comentou a exoneração do secretário de Estado da Defesa Nacional, apelando a que se deixe a “justiça funcionar”, e garantindo que o foco do Governo está nas preocupações dos portugueses.
“Nós vamo-nos hoje concentrar naquilo que importa à vida dos portugueses, e, sem querer diminuir aquilo que preocupa muito os comentadores e o espaço político, aquilo que eu sinto que preocupa as pessoas são temas bastante diferentes”, afirmou.
O chefe do executivo sublinhou que anda na rua e costuma falar com os portugueses, que lhe manifestam preocupações “que têm pouco a ver com esses assuntos”, elencando temas como o combate à inflação, a melhoria dos rendimentos, os desafios no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a “enorme transformação da economia portuguesa”.
“É naquilo que sinto que é a preocupação fundamental que nós temos de estar centrados, porque a função do Governo é governar a pensar nas pessoas”, disse.
Interrogado se, ao fim de um ano e três meses, o Governo está a acusar “algum desgaste”, o chefe do executivo respondeu: “Sabe que dedico-me pouco à análise política e mais a fazer aquilo que me compete, que é governar”.