As três coroas de Nossa Senhora em Portugal – de Nossa Senhora do Sameiro (Braga), de Nossa Senhora da Conceição (Vila Viçosa) e de Nossa Senhora de Fátima – estarão juntas em exposição, no dia 27 deste mês, em Vila Viçosa, no encerramento do Ano Jubilar dos 375 anos da coroação da Padroeira de Portugal.
“Assim está previsto, vamos ver se é possível”, disse Carlos Filipe, presidente do Instituto da Padroeira de Portugal para os Estudos da Mariologia (IPPEM), esperando que estejam também patentes alguns dos mantos da Padroeira de Portugal.
O facto de os reis portugueses terem deixado de usar a coroa real a partir de 25 de março de 1646 escapa aos que não conhecem a história da coroação de Nossa Senhora da Conceição como Padroeira de Portugal.
Carlos Filipe, presidente do Instituto da Padroeira de Portugal para os Estudos da Mariologia (IPPEM), com sede em Vila Viçosa, disse à agência Lusa que se encontra “esse significado através da iconografia”.
“Nos quadros, nos diversos reinados, vamos encontrar sempre a coroa ao lado do rei ou da rainha. Isto é um significado de despojamento e de entrega, sobretudo de um homem [D. João IV], que era particularmente devocionado para o culto da Virgem Maria. Isso cumpre-se numa tradição do rei e, de certa forma, é transmitida também na tradição popular”, disse o historiador.
A partir de 1910, “esse significado perde-se, porque a monarquia extingue-se, é substituída pela república, embora a república nunca tivesse retirado este título muito próprio dos portugueses: Rainha de Portugal enquanto Padroeira”, acrescentou.
Para Carlos Filipe, “nos diversos momentos políticos e sociais ocorridos na história [de Portugal] mais recente, manteve-se este título” e nunca foram encontrados relatos no sentido “de outra ideia ou de um afastamento relativamente a esta causa muito nobre do rei D. João IV”.
O IPPEM, a que preside, promete não deixar cair no esquecimento esta página da história de Portugal e, enquanto instituto civil, assume uma matriz essencialmente cultural, “procurando, de certa forma, representar todos aqueles que se reveem no aprofundar do conhecimento sobre o culto à Virgem”.
Instituto jovem, criado em finais de 2017, começou a ter as primeiras atividades recentemente “e este [congresso que se inicia em Fátima no dia 24] é o momento principal do próprio instituto para, publicamente, se afirmar enquanto entidade ao serviço da comunidade”, sublinhou Carlos Filipe.
Segundo o presidente do IPPEM, estão previstos “alguns projetos do ponto de vista do património, do ponto de vista dos estudos sobre diversas temáticas, sendo que aqueles que são mais interessantes são o culto religioso popular e erudito, mas também a história da arte e o património associado”.
Além do congresso “Mulher, Mãe e Rainha. Nos 375 anos da Coroação de Nossa Senhora da Conceição como Padroeira de Portugal”, de 24 e 26 de março, em Fátima, e no dia 27, no concelho de Vila Viçosa, o IPPEM assumiu já um trabalho de grande fôlego: “construir um dicionário sobre a Virgem Maria, um dicionário em português, a partir de fontes históricas, mas também das novas realidades contemporâneas”.