O secular “convento dos frades”, no Monte da Franqueira, em Barcelos, está à venda por 2,8 milhões de euros e, segundo a agência imobiliária, “apresenta um grande potencial para ser transformada num boutique hotel, spa ou dividida em pequenos apartamentos familiares”, lê-se.
Para além do antigo albergue religioso, a propriedade de 140 mil m2 possui piscina, jardim, capela, uma vinha de quatro hectares e uma floresta de oito, para além de 21 divisões adaptadas para turismo. A oferta de venda está a cargo da JLL Residential e encontra-se publicada em vários portais de anúncios de imobiliário.
Classificado como monumento de interesse público em fevereiro de 2019, o espaço está localizado numa das encostas do Monte da Franqueira, entre as freguesias de Pereira e Gilmonde, e o arranque das obras ocorreu em 1563, cerca de duas décadas depois da chegada dos portugueses ao Japão.
Segundo a descrição do anúncio, o convento, edifício principal, tem 1.840 m2 de área, dividido em duas residências de quatro quartos e dois apartamentos com um quarto. A quinta possui cinco hectares de terra adaptada a vinha, oito hectares de floresta com pinheiros e eucaliptos e um hectare com pomar, jardins, fontes e uma piscina com uma envolvente.
Os quartos da casa principal estão “mobilados com antiguidades, gravuras e pinturas originais, bem como tecidos tradicionais portugueses” e cada um é “uma suite com vista para o jardim”.
Para além de “elevados padrões de conforto com interesse histórico, num cenário encantador do Minho”, os promotores destacam ainda as “vistas panorâmicas: a norte, as montanhas distantes do Parque Nacional do Gerês e do alto do Monte da Franqueira, o Oceano Atlântico”.
Interesse público
O convento foi inicialmente designado por Bom Jesus da Franqueira. Porém, de acordo com a Direção-Geral de Património Cultura, “o atual edifício resulta de uma empreitada posterior, destinada a ampliar e reformular o convento, que decorreu entre 1678 e 1708, da qual resultou a construção de um novo dormitório e da igreja barroca”.
Possui um amplo claustro ajardinado centrado por um chafariz de tanque circular, restaurado na segunda metade do século 20, e mais tarde adaptado a turismo de habitação, situação em que ainda se encontra.
A antiga igreja destaca-se por ser típica dos templos franciscanos, com arcos redondos e com esculturas de São Francisco e Santo António, padroeiros dos cenobitas portugueses.
Segunda a Direção de Cultura do Norte, “a envolvente do conjunto edificado, de grande valor paisagístico, conserva ainda diversas estruturas setecentistas do antigo cenóbio, incluindo a imponente fonte alusiva ao Senhor da Fonte da Vida, diversos traçados e percursos processionais, e as sete capelas dos Passos”.
Segundo a mesma fonte, apesar das obras de restauro e adaptação que o edifício conventual sofreu nas últimas décadas, “o conjunto da Igreja e Convento da Franqueira conserva ainda grande valor histórico e arquitetónico, constituindo um bom testemunho da evolução da Ordem Franciscana no país”.
No mesmo monte, encontram-se ainda a Ermida de Nossa Senhora da Franqueira e os vestígios do antigo Castelo de Faria.
A classificação da Igreja e Convento da Franqueira ocorreu, segundo a Direção-Geral do Património Cultural, “ao seu interesse como testemunho simbólico e religioso, ao seu interesse como testemunho notável de vivências ou factos históricos, ao seu valor estético, técnico e material intrínseco, à sua conceção arquitetónica, urbanística e paisagística, à sua extensão e ao que nela se reflete do ponto de vista da memória coletiva”.