A Confraria do Bom Jesus do Monte, de Braga, vai apresentar uma candidatura a fundos europeus para o financiamento de 2,3 milhões da terceira fase de requalificação do Santuário, que é património da Humanidade, um investimento calculado em 2,3 milhões de euros.
O seu responsável, cónego Mário Martins disse, hoje, numa sessão de apresentação, que o projeto, intitulado Requalificar III, inclui a criação do Centro Interpretativo do Bom Jesus, que receberá o nome de Jorge Ortiga, arcebispo de Braga, um outro centro interpretativo, este especificamente voltado para explicar a história e o funcionamento do Elevador, e ainda, a restauração e valorização da antiga Casa dos Correios, que se encontra muito degradada. Casa que acolherá o Centro Interpretativo e um café-concerto com esplanada e espaço para exposições e conferências.
Prevê, ainda, a concretização de projetos do arquiteto Carvalho Araújo e do atelier Beco da Bela Vista, que passam pela requalificação do Apeadeiro e zona envolvente do Elevador e ainda pela alteração da circulação de carros na zona e dos respetivos parques de estacionamento e pela instalação de sinalética.
No ato de apresentação da iniciativa, no Hotel do Parque, participaram, também, o arcebispo Primaz, Jorge Ortiga, os presidentes, da Câmara local, Ricardo Rio, da CCDR -Norte, António Cunha, do Turismo do Porto e Norte, Luís Pedro Martins e a diretora regional de Cultura, Laura Castro.
Na ocasião, o responsável da Confraria salientou que as obras têm de ser feitas, quer pelos compromissos assumidos perante a UNESCO, que exigiu por exemplo a demolição de um bar em cimento junto a um dos miradouros, e da necessidade de qualificar a visita (um milhão de pessoas por ano), bem como de valorização, divulgação e promoção.
Inclui, por isso, a colocação de uma estrutura, tipo banco longo, na zona do antigo bar e esplanada – a demolir – que permitirá que os peregrinos se sentem para observar a paisagem.
Envolve, ainda, a melhoria dos vários miradouros, dos que dão para ver Braga e dos que estão voltados para o Gerês, e a reformulação do estacionamento para evitar a chegada de carros.
Um dos parques a ampliar – disse – fica perto do Pórtico da escadaria, incentivando as pessoas a deixarem ali o automóvel e usarem o Elevador.
Candidatura em 2023
Salientou que a Confraria, e os restantes parceiros presentes, contam ter a candidatura aprovada pelo programa comunitário Portugal 20-30 até setembro de 2023, para em dezembro desse ano, poder ser incluída em relatório obrigatório a entregar à UNESCO.
Mário Martins enalteceu o labor do prelado, que dia 13 abandona a função, em prol do Bom Jesus e da candidatura a Património da Humanidade, tendo Jorge Ortiga respondido que aceita a distinção, embora a sua regra seja a de não gostar de o ver o seu nome em placas ou nas ruas.
Jorge Ortiga salientou a cooperação exemplar existente entre a Confraria e as demais entidades, essencial para viabilizar o projeto, e lembrou que beneficiará a cidade e a região.
Lembrou que a cidade tem “a mão da Igreja” na suas referências históricas, no património, na cultura e na espiritualidade: “por isso é que lhe chamam a Roma Portuguesa e a Cidade dos Arcebispos”, frisou
Cunha e Rio e o Bom Jeus
Na sua intervenção, o líder da CCDRN e ex-reitor da UMinho, António Cunha, um bracarense de gema, lembrou que vive na ‘colina sagrada’ de Braga, perto do santuário, e salientou que o espaço “é um orgulho da cidade e da região”.
Disse que, dado que ainda vivemos num país sem poder regional, apenas pode prometer empenho na procura de meios de financiamento para o projeto.
Já Ricardo Rio começou com ironia, dizendo – queiçá a pensar o que pode ser dito nas smpre críticas redes sociais – que a obra a realizar na entrada do escadório, ao lado do Elevador, não foi pensada para o ajudar pessoal , dado que, semanalmente, faz uma corrida semanal até ao Bom Jesus subindo o escadório até ao cimo.
Os dois salientaram o “caráter único” do Bom Jesus e convergiram quanto à necessidade de se acabar com o centralismo com a criação de um poder regional.
Rio prometeu que, tal como até agora, a Confraria poderia contar com o apoio do Município, mesmo em termos de investimento.
Apesar da falta de autonomia e do centralismo, Cunha revelou que o atual Quadro comunitário apoiou 230 projetos na área do património no Norte, um investimento de 200 milhões.