A “mudança do papel” do professor de “fonte primária” de conhecimento para “medidor” entre alunos e novas formas de ensino vai estar em discussão, em Braga, no “maior evento” de educação do ano, a Conferência Internacional Aprendizagem com Sentido(s).
Em declarações à Lusa, o presidente da Casa do Professor, Hilário Sousa, que organiza o evento, a decorrer de 2 a 5 de julho e que trará a Portugal especialistas de renome, como Marc Prensky, autor da expressão “nativos digitais”, explicou que o objetivo da conferência é “dar resposta” ao novo papel do professor no contexto da sala de aula e “discutir os desafios” que as novas tecnologias colocam aos docentes.
“Anteriormente, o professor era a voz do discurso pedagógico, hoje os alunos têm outros estímulos, reagem de forma diferente, têm uma atenção repartida durante o período da aula e tem que se os estimular no sentido de estarem atentos, mas não apenas focados no professor”, explicou Hilário Sousa.
Para o docente, a Educação está a passar uma “revolução silenciosa” que “alterou o paradigma da aprendizagem” nas salas de aula: “Sabemos que os alunos aprendem de forma diferente de há uns anos, as suas formas de aprender as matérias não são exatamente as mesmas, não têm os mesmos processos, são uma geração nascida no pós-internet e isso veio alterar a forma como os jovens se posicionam no mundo tudo”, referiu.
“Neste novo contexto, o professor muda de papel. Passa de fonte primária do conhecimento a orientador, um tutor, um verdadeiro mediador, é este o novo papel do professor”, defendeu.
Segundo Hilário Sousa, “este novo papel merece reflexão, exige constante formação e apresenta desafios, vai exigir muito dos professores e esta conferência var dar resposta a esse novo papel no sentido de acompanhar a inovação pedagógica, os desafios que se lhe colocam hoje em dia, porque o modo como as crianças aprendem hoje é diferente do passado”.
Questionado sobre se no futuro os professores podem perdem espaço no processo de aprendizagem para as novas tecnologias, o docente defendeu que não porque “há algo que o computador não consegue”.
“As novas tecnologias não conseguem humanizar o contexto de sala de aula e nesse sentido o computador não vai nunca substituir o professor. Confere-lhe um novo lugar, mas não necessariamente um lugar secundário”, respondeu.
Quanto à conferência, destaca-se a presença de Marc Prensky, autor da expressão “nativos digitais” e que estará pela primeira vez em Portugal, sendo considerado “um dos maiores visionários a trabalhar na reforma da educação”.
Segundo a Casa do Professor, Prensky “defende um projeto lúcido, inspirador, otimista, factível e crucial sobre como construir um futuro com as escolas que as crianças precisam desesperadamente, neste mundo moderno, de alto risco, altamente complexo e em rápida mudança”.
A conferência insere-se no projeto NESTT – ‘New European Settings for Teachers and Teaching’ e contará com a presença de dezenas de oradores e investigadores portugueses e estrangeiros, oriundos dos EUA, Finlândia, Catalunha, Bélgica, Polónia, Itália, entre outros, além de um alto quadro da OCDE que fará também uma intervenção sobre o futuro das políticas educativas.
A conferência e os ‘workshops’ vão ter como ponto de partida o modo como as crianças e os jovens aprendem no século XXI, o perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória e a forma como está relacionada com a própria formação dos professores, que tem sido identificada como prioritária por diversos organismos nacionais e internacionais.
Em cima da “mesa” vão estar temas como Inovação Pedagógica, Neurociência e Aprendizagem, Aprender no Século XXI, Desenvolvimento do Currículo e Políticas de Formação Contínua de Professores na Europa.