Como os bombeiros salvaram outros pavilhões após incêndio em Braga

Rasto de destruição na empresa Polibarral

Um pavilhão industrial de um dos parques empresariais de Ferreiros, em Braga, ficou totalmente destruído pelas chamas de um incêndio, que deflagrou ao final de sexta-feira. O intenso trabalho de bloqueio levado a cabo pelos bombeiros evitou que o fogo se propagasse a, pelo menos, dois pavilhões contíguos, mas o combate não foi nada fácil, como deu conta a O MINHO o comandante dos Bombeiros Voluntários de Braga, Pedro Ribeiro.

Foto cedida a O MINHO

O alerta caiu na central dos voluntários às 23:05, via Comando Distrital de Operações e Socorro. Minutos antes, várias chamadas chegavam via 112 dando conta de “chamas intensas em zona industrial” na cidade. A par dos voluntários, também a companhia profissional e municipal dos Sapadores foi mobilizada naquele instante.

Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO
Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO
Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO

“O primeiro ponto de situação não era muito animador, falava-se que a chama era intensa e que um pavilhão já estava totalmente tomado”, assinalou Pedro Ribeiro. O maior temor, nessa altura, era o de que o fogo alastrasse aos restantes pavilhões, podendo provocar uma tragédia de maiores dimensões.

“Foram solicitados meios de reforço para o local, para além dos de Braga, para dar apoio. Nós [bombeiros voluntários] esgotámos todos os carros de combate a incêndio que tínhamos no parque de viaturas [quartel]”, revelou o comandante, que chegou a chefiar as operações de socorro numa noite em que o teatro de operações conheceu quatro chefias – chefe de turno dos Sapadores, segundo-comandante dos Voluntários de Braga, comandante dos Voluntários de Braga e Adjunto dos Sapadores de Braga.

Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO
Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO

Arrefecimento das paredes

Com o pavilhão da Polibarral completamente tomado, e já com a cobertura a ameaçar ceder (o que acabou por acontecer), os bombeiros focaram-se não só no combate às chamas naquele pavilhão, mas sobretudo em proteger os restantes. Para isso, explicou Pedro Ribeiro, foi utilizada a “proteção das exposições”, que consiste no arrefecimento das paredes dos outros pavilhões, com recurso a água, de forma a que não propagasse para o interior dos mesmos.

“Não há muita gente que saiba, mas o metal também funciona como combustível, quando exposto a elevadas temperaturas. E no interior da Polibarral existiam muitos metais e químicos, fruto do trabalho que lá se realiza. Sabíamos que tínhamos de fazer um corte nesses metais para que o incêndio não progredisse, e por isso arrefecemos as proteções da esquerda e da direita, com grandes quantidades de água”, explicou.

Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO
Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO
Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO
Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO

Pedro Ribeiro adiantou que “as paredes ajudaram” a bloquear a passagem das chamas, “mas pode haver transmissão de energia pelos metais e passar para outros mais frágeis,  já no interior dos outros pavilhões, mas fez-se o corte com muito sucesso”.

O incêndio foi dado como dominado por volta das 00:40. Com os trabalhos de resolução, a cobertura do pavilhão atingido acabou por ceder por completo. E só aí houve oportunidade de perceber se os outros pavilhões tinham ou não sido atingidos. “Os proprietários e a PSP foram verificar e perceberam que o interior [das duas outras empresas] não tinha sido atingido pelas chamas”, clarificou Pedro Ribeiro, justificando as informações iniciais que davam conta de três pavilhões atingidos.

Vítor Azevedo (Proteção Civil de Braga) e Pedro Ribeiro (Comandante dos Voluntários de Braga). Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO
Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO
Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO

“Terminámos a resolução por volta da 01:30, mas depois os trabalhos de rescaldo demoraram ainda várias horas, porque os escombros tinham muita temperatura que ameaçavam as condições de integridade dos edifícios.

Houve ainda oportunidade de resgatar um cão de guarda que se encontrava “na parte traseira” do edifício atingindo pelas chamas. Como os voluntários de Braga andam equipados com material de primeiros socorros para animais, foi aplicada oxigenioterapia ao canídeo, que acabou por não sofrer grandes mazelas. Foi, até, levado para casa pelo proprietário da empresa.

Foto: João Constantino / O MINHO
Foto cedida O MINHO

Quanto às restantes empresas, tirando o fumo intenso de que foram alvo, acabaram por não sofrer danos aparentes, embora só inspeções levadas a cabo nos próximos dias o possam atestar, sobretudo em relação às infraestruturas.

 
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