Bruno Rafael Freitas Faria, de 27 anos, natural de Braga e voluntário no conflito entre Ucrânia e Rússia, pela Legião Internacional para a Defesa da Ucrânia, continua desaparecido desde janeiro deste ano. A irmã, Mariana Faria, deixou este domingo um apelo público através de uma carta aberta às mais altas instâncias do Estado português.
No testemunho dirigido a Presidente da República, primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros, Mariana Faria expõe o sofrimento de uma família que há quase seis meses vive sem respostas concretas sobre o paradeiro do jovem combatente.
Bruno Faria, antigo militar no Regimento de Cavalaria n.º 6, em Braga, viu-se afastado das fileiras do Exército português devido a uma condição de saúde (asma). Ainda assim, decidiu partir para a Ucrânia em 04 de outubro de 2024, onde se juntou às forças que combatem a invasão russa. Era, segundo a irmã, um jovem “motivado por ajudar os outros e determinado em cumprir aquilo que considerava ser o seu propósito de vida”.
A última vez que a família teve contacto com Bruno foi na véspera de Natal. Dias depois, em 08 de janeiro, durante uma missão na cidade de Toretsk, região de Donetsk, deixou de haver qualquer notícia sua.
“Vivemos em contra-relógio”, escreve Mariana. “Sei que alguns poderão julgar este meu apelo, mas não é momento para julgamentos. Peço-vos ajuda, mesmo ciente de que foi uma escolha voluntária.” Na mesma carta, a irmã aponta falhas de comunicação por parte da Legião Internacional e lamenta que os colegas de Bruno tenham sido instruídos a não partilhar qualquer informação sobre o que aconteceu na operação em que desapareceu.
O desaparecimento ocorreu numa zona atualmente sob controlo das forças russas, o que tem dificultado qualquer investigação ou tentativa de localização. “Sabemos que houve negligência”, acusa Mariana, referindo o silêncio das testemunhas sobreviventes e a ausência de esclarecimentos por parte das entidades ucranianas.
No apelo público, Mariana pede a intervenção do Estado português e da sociedade civil. “Dêem-me voz. Uma mera partilha fará toda a diferença. Nunca irei desistir de ti, soldado Faria.”
Como O MINHO noticiou, este domingo foi confirmada a morte de mais um português no conflito. Jerónimo Guerreiro morreu enquanto combatia integrado na Legião Internacional para a Defesa da Ucrânia, mesma entidade em que o soldado bracarense desaparecido se alistou.