O líder do Chega defendeu hoje que os impostos sobre os combustíveis devem ser reduzidos, de forma a responder ao aumento do preço da energia, considerando que as medidas apresentadas pelo Governo não resolvem “absolutamente nada”
Numa ação de protesto que juntou cerca de uma centena de simpatizantes do Chega a 150 metros da residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, André Ventura afirmou aos jornalistas que o “Governo tem de se convencer que tem de baixar a carga fiscal sobre os impostos”, argumentando que se trata da única medida “justa, equitativa e racional”.
“O que faz sentido, o que é racional, é baixar os impostos sobre os combustíveis, em vez de estarmos aqui a criar artimanhas”, indicou.
Abordando a medida apresentada pelo Governo — o primeiro-ministro anunciou hoje que o aumento extraordinário da receita de IVA decorrente da subida do preço dos combustíveis será devolvido semanalmente através de uma redução do imposto sobre os produtos petrolíferos -, o presidente do Chega considerou que isso “não resolve absolutamente nada”.
No que se refere a tabelar os preços da energia, André Ventura adiantou também que se trata de uma solução “muito pior e muito menos adequada do que a solução de baixar a carga fiscal”.
“Ao tabelarmos os preços estamos a dar um sinal errado que é a economia que não funcionou, que temos de ser nós a intervir, e isso deve-se fazer apenas em casos excecionalíssimos. Aqui não: temos um instrumento à mão, que é descer a carga fiscal”, indicou.
Questionado pelos jornalistas sobre o impacto que a redução dos impostos sobre os combustíveis pode ter na luta contra as alterações climáticas, dado que incentiva o consumo de combustíveis fósseis, André Ventura respondeu que não deve ser a “classe média e trabalhadora” a acarretar os custos do desafio climático.
“Não tem a ver com não respeitar ou não querer defender o clima, temos é de repartir os custos por quem deve ser repartido, e não pela população trabalhadora, que já contribui com tudo o que pode, paga as taxas todas”, apontou.
Num protesto onde a maioria dos simpatizantes — incluindo André Ventura — vestiu um colete amarelo, o líder do Chega afirmou que se tratou de “apenas uma ação inicial”, que pretende alargar ao país todo, através de “múltiplas manifestações nos próximos meses”, “caso os preços dos combustíveis não desçam”,
Apesar disso, Ventura rejeitou qualquer vontade de replicar o movimento dos Coletes Amarelos que decorreu em 2018 e 2019 em França, afirmando que os coletes são apenas uma “simbologia de identificação” para distinguir o “grande movimento” que pretende criar.