“Chamava-nos gordas e burras”. MP investiga chefe da Câmara de Barcelos por “clima de terror”

Assistentes sociais acusam Ana Fernanda Lopes de assédio laboral e perseguição

O Ministério Público de Barcelos investiga uma queixa-crime contra a chefe do Gabinete de Coesão Social e Saúde Pública, Ana Fernanda Lopes, por assédio laboral e moral e perseguição.

A queixa é suportada pelo depoimento de 16 assistentes sociais, sete em funções e nove outras que já abandonaram o cargo. “Vive-se um clima de terror e de intimidação. Com a cobertura da vereadora Armandina Saleiro”, disse a O MINHO uma das queixosas, que solicitou o anonimato.

Uma outra fonte municipal revelou que a chefe foi, entretanto, exonerada pelo presidente da Câmara, Miguel Costa Gomes, depois de este ter recebido novas queixas das técnicas. A Câmara diz, também, que não comenta ações postas por funcionários.

Na última quarta-feira, seis delas, através da advogada Carla Freitas do escritório de João Magalhães, entregaram uma ação no Tribunal Administrativo de Braga, pedindo a anulação do arquivamento do inquérito disciplinar, decidido pelo executivo em março.

Ana Fernanda Lopes havia sido alvo de um inquérito interno, que concluiu pela sua culpabilidade, por 22 factos graves, propondo a sua suspensão por 60 dias e a cessação de funções, mas o executivo socialista arquivou-o.

Assédio laboral

Na ação, queixam-se de “assédio laboral, bullying e perseguição”. “Chamava-nos nomes como os de gorda, burra e incompetente”, salientam, frisando que algumas andam no psiquiatra ou no psicólogo.

Uma delas afirma que, “desde que iniciou funções, foi alvo de assédio moral, discriminação, isolamento social, intimidação, humilhação pessoal e perseguição”.

A ex-Chefe disse-lhe que “não a escolheu para ali, não tinha trabalho para mim e não contava comigo”. Depois, deixou-a vários meses sem tarefas, “passando os dias sem nada para fazer”.

Entre junho e agosto de 2019 colocou-a sozinha num gabinete, sem trabalho, “e de forma a não poder estar com as outras colegas, as quais, por sua vez, foram impedidas de ir ter com ela”.

Em dezembro de 2019, foram-lhe entregues funções relativas aos projetos sociais, transporte solidário, isenção da tarifa de resíduos sólidos, e candidatura ao Instituto de Habitação, (IHRU), mas a colega da Secretaria não lhe atribuiu qualquer atendimento, por ordem da responsável.

Ameaças

A queixosa diz que a agora ex-dirigente exercia pressão sobre as restantes trabalhadoras para não falarem com ela, ameaçando com a não distribuição de tarefas ou até com a não renovação do contrato de trabalho, e dizendo: “Quem não está comigo está contra mim”. Gabava-se, ainda, de que, enquanto a vereadora Armandina estivesse no cargo, de nada valia fazerem queixa dela.

E conclui: “Tem um comportamento persecutório, ouvindo as conversas atrás das portas, intimidando constantemente as colegas que sob as suas ordens estão impedidas de falar com ela”. Controlava, ainda, diariamente as idas ao WC, e à cozinha, e seguindo-as”.

Visada diz que não tem conhecimento

“Não tenho conhecimento de qualquer queixa ou ação contra mim. E, que eu saiba, não fui exonerada”, disse Ana Fernanda Lopes a O MINHO, escusando-se a mais comentários.

 
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