Vila Nova de Cerveira vai ser palco, na sexta-feira, da estreia nacional do documentário “Gemeinsam” (O Fado), realizado há 35 anos pelo maestro António Victorino d’Almeida, revelou hoje a Câmara local.
Em comunicado, aquela autarquia do Alto Minho adiantou que o documentário histórico foi realizado há 35 anos, “num desafio lançado pela televisão austríaca a Victorino d’Almeida, não tendo sido exibido em Portugal, apenas na Áustria e em países com idioma alemão”.
Trata-se de “um documentário rodado em Lisboa, com atores austríacos e com depoimentos de Carlos Paredes, Manuel Alegre, Natália Correia, entre outros, realizado no imediato do pós-25 de abril de 1974”.
Além daquele documentário, vai ainda ser exibido o filme de ficção “O Tempo e as Bruxas” realizado em 2011, em Vila Nova de Cerveira.
“É um filme muito especial por envolver um grupo de amigos, em tempo de férias. De uma conversa sobre o funcionamento e ‘timing’ para realização de um filme, surgiu a ideia de criar um e foi muito divertido”, referiu o maestro, citado na nota hoje enviada à Lusa.
O filme “aborda a temática do absurdo, sobre as relações entre pessoas que falam umas com as outras, mas nunca respondem a nada”.
“Há muitos casos em que as pessoas vivem assim, com falhas de comunicação”, explicou o maestro.
O filme apenas foi exibido em Vila Nova de Cerveira “em círculos muito restritos” e a ideia de o rodar “surgiu de um grupo de 25 amigos, sem qualquer experiência”.
Na nota, a Câmara de Vila Nova de Cerveira sublinhou que “a veia de realizador de António Victorino d’Almeida já é antiga” e revelou que o filme “A Culpa” foi a primeira longa-metragem portuguesa a vencer um festival de cinema no estrangeiro (Huelva, 1980).
Os filmes vão ser exibidos, em sessão dupla, a partir das 21:30 no cineteatro de Vila Nova de Cerveira, com entrada livre.
Em abril passado, Vila Nova de Cerveira recebeu a primeira exposição de desenhos da autoria do maestro, composta por mais de uma centena de trabalhos.
Na altura a Câmara Municipal, disse que “a forte ligação de Vila Nova de Cerveira às artes determinou a escolha do concelho para a revelação de um outro lado artístico do maestro, na área do desenho, perfilando-se como um momento inédito a nível nacional”.
“Trata-se de uma obra profusamente ilustrada por alguém que diz que não saber desenhar”, adiantou o município, sublinhando que os trabalhos foram iniciados há cerca de meio século, “quando o autor viajou de comboio até Paris e depois de barco, até Londres – na companhia de um grande amigo – em que frases absurdas e ridículas lhes provocavam continuados acessos de hilaridade”.
António Victorino D’Almeida nasceu em Lisboa, a 21 de maio de 1940. Pianista, compositor e maestro, é autor da adaptação para teatro musicado de “A Relíquia”, de Eça de Queirós.
No papel de escritor, publicou, entre outros, “Um Caso de Biografia”, “Polisário, “Memória da Terra Esquecida”, “Coca-Cola Killer” e “Músicas da Minha Vida”.
Escreveu, apresentou e realizou mais de uma centena de documentários culturais para televisão e foi condecorado pelo Governo Francês com o Grau de Cavaleiro das Artes e Letras.
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