A União de Juntas de Freguesia de Oliveira, São Paio e São Sebastião realizou, na passada terça-feira, dia 21, uma reunião dos moradores do Centro Histórico, no salão paroquial da Oliveira, para debater os problemas daquela zona da cidade. Os moradores elegeram o ruído, as dificuldades de utilização do automóvel e os entraves às obras como os principais problemas que é preciso resolver.
A reunião começou atrasada e com um lamento pela falta do vereador Nelson Felgueiras, responsável pela Polícia Municipal. Rui Porfírio, o presidente da Junta, referiu que o vereador e o comandante da PSP tinham sido convidados e que no caso da Câmara a presença tinha sido confirmada. “O comandante da PSP não vai estar presente, mas fez questão de pedir para que lhe fosse enviado um relatório com as conclusões”, esclareceu o presidente da Junta. O MINHO foi, mais tarde, contactado pela Câmara Municipal a negar que o vereador Nelson Felgueiras tenha sido convidado para esta reunião.
O ruído nas ruas agravou-se com a pandemia
O ruído é uma queixa comum a todos os moradores do Centro Histórico presentes na reunião. O problema parece ter-se agravado com o aumento da área de esplanadas, autorizado pelo Município na sequência da pandemia e pelo hábito dos jovens se reunirem na rua a beber e a conversar. “Tiraram o estacionamento da praça de São Tiago para colocar esplanadas. Agora temos esplanadas debaixo das varandas, em frente às janelas e às portas”, queixa-se Armando Guimarães. O morador da praça lembra que nem todos os bares ali tinham esplanada, “agora nem os carros da Vitrus [recolha de lixo] conseguem passar com tantos toldos, mesas e cadeiras”.
Carlos Coutinho, morador na rua da Rainha, queixa-se que “há quarta-feira o Centro Histórico está transformado num queimodromo, com cânticos académicos até altas horas da noite”. “Hoje a rua não é nossa, há outros donos da rua”, comenta Rui Porfírio. “Quem é que mede os decibéis?” – questiona Alípio Mendes.
Os bares encerram às 2:00 e, segundo os moradores e o presidente da Junta, a PSP faz a sua tarefa de obrigar os proprietários a cumprir, porém, depois do encerramento dos estabelecimentos, a festa continua. Quando finalmente o movimento dos jovens saídos dos bares acalma, a madrugada já se aproxima da manhã e começam a trabalhar as máquinas de limpeza, explica Rui Porfírio.
Carros fora do Centro Histórico, defendem os moradores
Os moradores presentes na reunião defendem o fecho do Centro Histórico ao transito automóvel por unanimidade. “Agora, não é fechar para por esplanadas”, ressalva um dos presentes. Alguém diz que uma das razões de a Câmara manter o centro aberto aos carros é o comércio. “De carro ninguém compra nada”, comenta Alípio Mendes.
Outro lamento dos moradores do Centro Histórico é a falta de estacionamento. “Há pouco estacionamento e do pouco que há ainda reservam algum para certos grupos privilegiados”, queixa-se um habitante, referindo-se aos lugares reservados para os funcionários judiciais no largo da Misericórdia.
Fazer pequenas obra é um martírio
O tema das dificuldades para fazer pequenas obras de reparação não estava inicialmente da agenda, mas acabou por ocupar uma parte do tempo da reunião. Os moradores queixam-se da burocracia e dos entraves a que estão sujeitos para fazer pequenas reparações nas suas habitações. “Para montar um andaime para limpar um caleiro é preciso fazer um projeto e pedir autorização à Câmara”, lamenta-se um morador. “Para cumprir com todos os pressupostos que a Câmara exige, o custo de uma obra nestas casas custa mais 50% que em qualquer ponto da cidade”, afirma um arquiteto, proprietário de uma casa no Centro Histórico.
Uma das sugestões avançadas na reunião foi a possibilidade de a Câmara ter uma plataforma elevatória para facilitar as reparações em altura, simplificando os processos de licenciamento e contratação deste tipo de pequenas reparações.
Os moradores do Centro Histórico têm que enfrentar ruído, dificuldades de acesso com as suas viaturas e entraves burocráticos para fazer obras, isto a somar às rendas altas, pela pressão turística, “tem contribuído para um envelhecimento e uma desertificação desta zona da cidade”, conclui Rui Porfírio, comprometendo-se a fazer chegar as conclusões da reunião aos responsáveis do Município.
Notícia atualizada às 22h25 (26/12) com versão de fonte da autarquia