Centenas de passageiros ficam sem autocarro Braga-Porto pela A3

Foto: DR

A Comunidade Intermunicipal do Cávado (CIM-Cávado) pediu à Área Metropolitana do Porto que não encerre, hoje, sexta-feira, a linha de autocarro Braga/Porto (via A3) que é usada diariamente por centenas de pessoas. Mas o organismo portuense diz que não volta atrás. “A nova rede UNIR não contempla linha equivalente com ligação entre Braga e Porto, pelo que esta deixará de ser assegurada, a partir de 01 de dezembro, pelas linhas da AMP” , respondeu.

“Lamentável. Espero que AMP cumpra as suas obrigações legais e dê sequência a este serviço”, afirmou a O MINHO, o presidente da CIM Cávado e da Câmara de Braga, Ricardo Rio.

Por sua vez, Ariana Pinho, secretária-executiva da AMP, disse que “a manutenção da linha compete à CIM do Cávado ou à do Ave” e garante que, desde 2019, a rede da AMP não contempla essa ligação, até porque ela serve, maioritariamente os cidadãos da zona de Braga ou do Vale do Ave. “Não há acordo nenhum nesse sentido. É uma licença provisória que agora caduca com a entrada definitiva da nossa rede”, salientou.

Esta tese é rejeitada pela CIM Cávado que lembra o protocolo assinado em 2019 entre as duas entidades, no qual se diz que a contratação da Linha tem em conta a zona com mais quilómetros, ou seja, a do Porto.

Serviço relevante

Na missiva que enviou ao organismo no dia 24, o autarca bracarense sublinhou: “Este serviço é de grande relevância para as populações, pois permite o acesso a instituições de ensino superior, bem como, ao Hospital de S. João e ao Instituto Português de Oncologia. Prova disso mesmo são os dados preliminares de procura que nos foram fornecidos pelo operador, com uma média de 150 passes e 1.400 bilhetes de bordo por mês”.

Nesse ofício, a CIM salienta que “a linha faz parte das obrigações de serviço público da AMP porque, nos termos do previsto no Acordo de Partilha e Coordenação de Competências Respeitantes ao Serviço Público de Transporte de Passageiros Inter-Regional, assinado em 17.10.2019 entre a AMP e a CIM Cávado, cada uma das linhas inter-regionais é contratualizada única e integralmente por uma única Autoridade de Transportes a um único operador de transportes e cada linha inter-regional será contratualizada pela Autoridade de Transportes em cuja área geográfica o serviço público se desenvolva maioritariamente que, neste caso, é a AMP”.

Uma outra fonte da CIM Cávado lamentou que não tenha havido qualquer resposta formal ao ofício, sublinhando que só ontem, “depois de termos passado a manhã toda a ligar para a AMP, é que fomos contactados telefonicamente por eles, a dizer que iam manter a decisão comunicada no dia 24”.

Muitas queixas

Ao que soubemos, o anúncio do fecho da ‘carreira’ motivou dezenas de queixas de utentes junto dos serviços da CIM Cávado. “Fomos confrontados hoje [quinta-feira] com a informação de que a partir de amanhã, dia 1, a CIM-Cávado/Transdev deixam de operar a carreira (camioneta) Braga-Porto”, diz um utente.

E acrescenta: “São centenas de pessoas que diariamente se deslocam entre ambas as cidades para os seus trabalhos/estudos. São trabalhadores bracarenses como eu que todos os dias se deslocam para o Porto. São estudantes do ensino superior no Porto. São doentes que vão ao Hospital S. João às suas consultas”.

E conclui: “Esta situação é inadmissível pois tem um impacto direto na nossa vida pessoal e de trabalho”.

 
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