O castelo de Vila Nova de Cerveira, no Alto Minho, deverá reabrir portas em 2021, transformado em hotel de quatro estrelas, num investimento estimado em cerca de três milhões de euros, informou esta terça-feira o Governo.
Em comunicado, a secretária de Estado do Turismo explicou que que a intervenção naquele imóvel foi adjudicada à empresa Eurico da Fonseca, a mesma que desenvolveu o projeto do Palácio de São Bento da Vitória, no Porto.
A proposta daquela empresa, que venceu o concurso do programa governamental Revive, “atingiu praticamente o triplo do valor base do concurso, correspondendo a uma renda anual de 33.500 euros anuais (o valor base estava fixado em 13.260 euros)”.
“O investimento estimado para a recuperação do imóvel é de cerca três milhões de euros, para a instalação de um hotel com um mínimo de quatro estrelas, que contará com 41 quartos, restaurante e ginásio. A abertura do novo hotel está prevista para o final de 2021”, adianta a nota da secretaria de Estado do Turismo.
Em causa está o castelo com origens no século XIII, mandado construir pelo rei Dom Dinis, classificado como monumento nacional onde até finais de 2008 funcionou a pousada com o mesmo nome. Na altura, enquanto Pousada de Portugal, integrava o grupo Pestana, que a encerrou a pretexto de obras de reabilitação.
Desde então, tanto o anterior executivo municipal como o atual têm tentado ultrapassar o impasse, face a várias manifestações de interesse de promotores privados e como forma também de travar o estado de degradação do imóvel.
“A conclusão do concurso do Castelo de Vila Nova de Cerveira é uma excelente notícia para a requalificação e valorização deste espaço extraordinário e para a criação de
alojamento que responda à procura crescente no Alto Minho. A recuperação deste imóvel com 700 anos de história será um importante fator de geração de riqueza e de criação de emprego e comprova a importância do Revive na recuperação do nosso património público”, afirmou a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, citada na nota.
Já a secretária de Estado da Cultura, Ângela Ferreira, também citada naquele documento, sublinhou “a importância deste passo para a preservação e dinamização do património cultural português”.
“É uma peça chave da nossa identidade histórica, mas igualmente desafiante para o futuro de todos nós. O Castelo de Vila Nova de Cerveira deve convocar-nos para o compromisso efetivo de devolvermos o património às pessoas, dinamizando-o com a criação, também nestes espaços, de mais e melhor oferta cultural para os cidadãos”, referiu.
Lançado em 2016, o Revive é um programa conjunto dos ministérios da Economia, Cultura e Finanças, que visa promover a recuperação e a requalificação de imóveis públicos classificados que estão sem uso, através da concessão a privados para exploração para fins turísticos.
A nota hoje enviada destaca ainda que com a adjudicação da intervenção no castelo de Vila Nova de Cerveira, “passam a ser 48 os imóveis adjudicados ao abrigo do Programa Revive, num investimento de 103 milhões de euros”.
Segundo a secretaria de Estado do turismo, “até ao momento foram lançados concursos relativos a 19 imóveis no âmbito do Revive, sendo que atualmente estão abertos os concursos para a concessão do Mosteiro de Lorvão, em Penacova, do Forte da Ínsua, em Caminha, do Mosteiro de São Salvador de Travanca, em Amarante, e do Paço Real de Caxias, em Oeiras”.
O primeiro concurso para a concessão do imóvel foi lançado pelo Instituto do Turismo de Portugal, em janeiro, a que concorreram duas empresas, mas acabou “extinto”, por “razões administrativas”.
Em julho avançou nova tentativa, a que concorreram três empresas.
O imóvel, propriedade da Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF), é um dos 10 edifícios incluídos no programa Revive para serem concessionados a privados, com o compromisso de que sejam recuperados, reabilitados e acessíveis ao público.
O castelo, classificado como monumento nacional, é considerado a “joia da coroa” de Vila Nova de Cerveira.
O impasse em que o processo se encontra desde 2008 levou mesmo, em 2011, no mandato do executivo anterior, à desistência de um grupo alemão interessado em criar um hotel de charme ligado às artes.
O estado de “avançada degradação” em que se encontra o imóvel levou a Assembleia Municipal a aprovar, em 2015, uma moção intitulada “Em Defesa da Clarificação do Futuro do Castelo”.
A pousada foi inaugurada a 03 de setembro de 1982 e possuía restaurante, bar e 29 quartos, alguns com pequenos pátios totalmente privados para os seus hóspedes.