O piso de um campo de basquetebol, em Viana do Castelo, é a tela gigante onde Vanda Balinha deixou a sua marca artística num projeto municipal que quer introduzir a arte urbana nos recintos desportivos.
A criação, com o tema tradição, tem 10 metros de comprimento e cinco de largura, onde sobressaem os tons de azul e amarelo, abriu hoje ao público, dia que a romaria d’Agonia dedica a Viana do Castelo-Cidade Europeia do Desporto 2023.
“Nunca tinha feito uma ilustração com esta dimensão, mas gosto muito de desafios e fico contente por poder ter esta obra na minha cidade”, afirmou à agência Lusa a ilustradora Vanda Balinha.
“Espero que o desenho faça com que as pessoas se interessem mais sobre a história da cidade”
Vanda Balinha foi convidada pela Câmara de Viana do Castelo a criar uma ilustração para o piso do campo de basquetebol, situado no jardim D. Fernando, na ribeira da cidade, o primeiro recinto em espaço público a ser alvo de uma intervenção de arte urbana.
“Achei que faria sentido. Estando o campo de basquetebol na ribeira, fazer um desenho que representasse esse lado da cidade. Espero que o desenho faça com que as pessoas se interessem mais sobre a história da cidade”, observou.
A ilustração retrata “a figura de uma mulher, com cabelos longos e louros, ondulados, a simbolizar o ouro e a filigrana, as pernas são de sereia” porque a artista gosta de “figuras muito lógicas e do misticismo que as rodeia”. Já “as ondas que integram o desenho inspiram-se nas pinturas da loiça de Viana”.
“A minha ideia nunca foi fazer a santa [Senhora d’Agonia]. Foi fazer uma figura que vive no mar e que protege os pescadores”, afirmou a artista, de 30 anos, natural de Viana do Castelo.
A ilustradora inspirou-se na devoção das gentes da ribeira à Senhora d’Agonia, padroeira dos homens do mar, e nos tapetes floridos, confecionados em sua honra, nas ruas da cidade, na madrugada de sábado para domingo.
Recinto tapado desde fevereiro
“O ano passado participei, pela primeira vez, na confeção dos tapetes e senti o amor e devoção das pessoas da ribeira à Santa. Há muitas histórias na ribeira que muita gente de Viana do Castelo não conhece. Eu própria, só fiz parte da confeção dos tapetes com quase 30 anos. Só então me apercebi de todo aquele amor e devoção”, referiu Vanda Balinha licenciada em ‘Design’ de Moda e com especialização em ilustração e animação.
Os motivos tradicionais da cidade “já fazem parte do traço” de Vanda Balinha, por ser natural da cidade “e viver com essas referências”.
O recinto desportivo esteve tapado por tapumes desde início de fevereiro, até hoje. A criação artística passou do papel para o piso do campo basquetebol, em cerca de três semanas. Com a ajuda do amigo e pintor Manuel Almeida, o desenho foi reproduzido no chão do recinto e foi “preenchido” com cor, trabalho que envolveu a participação de jovens de instituições de apoio à deficiência.
“Aliar a arte, o desporto e a cidade”
À Lusa, o vereador com o pelouro do Desporto, Ricardo Rego, explicou que o projeto pretende “aliar a arte, o desporto e a cidade” e vai ser desenvolvido em equipamentos e espaços desportivos ar livre.
Ricardo Rego adiantou que o pavilhão Mestre Luís Braga, em Monserrate, e a zona de desporto ‘outdoor’ da Argaçosa, na freguesia da Meadela, são os próximos locais a serem alvo do projeto.
O vereador do Desporto adiantou que o convite “é sempre feito a artistas locais a quem são pedidos duas propostas de criações artísticas, sendo que o município escolhe a que melhor se adequada o espaço desportivo”.