Caminha quer reconfigurar portinho de Vila Praia de Âncora 

Foto: CM Caminha

O estudo de reconfiguração do portinho de pesca de Vila Praia de Âncora, em Caminha, vai ser apresentado publicamente a 06 de julho, faltando ainda garantir financiamento para a sua execução, foi hoje divulgado.

Contactado pela agência Lusa, o presidente da Câmara de Caminha, Rui Lages, disse que a apresentação do trabalho de correção dos principais problemas do portinho de Vila Praia de Âncora é “um momento já ansiado há mais de uma década pela comunidade piscatória local”.

O autarca socialista referiu que “o estudo contempla três propostas de reconfiguração do portinho de Vila Praia de Âncora”, sendo que após a apresentação pública do documento, a Câmara, a Associação de Pescadores de Vila Praia de Âncora e a Direção Geral dos Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM) terão de escolher a que melhor viabilizará a infraestrutura”.

“Melhorar as condições de segurança das embarcações no acesso ao porto”

Segundo Rui Lajes, a proposta a escolher terá de “pôr fim ao assoreamento do portinho, acabar com as operações de dragagens e manutenção e, acima de tudo, melhorar as condições de segurança das embarcações no acesso ao porto, permitindo que os grandes armadores possam fazer a descarga do seu pescado em Vila Praia de Âncora”.

“O passo seguinte será encontrar os mecanismos de financiamento para operacionalizar a proposta que for mais viável”, frisou.

Para o autarca, haverá agora a possibilidade de “lutar por meios de financiamento para a concretização do projeto que vier a ser escolhido como a solução mais viável e eficaz para a comunidade piscatória”.

“Teremos todos de saber trabalhar em conjunto: Governo, Câmara Municipal e organismos desconcentrados do Estado por forma a encontrarmos os mecanismos que materializem o estudo no terreno”, referiu ainda Rui Lages.

A apresentação do estudo está marcada para o dia 06 de julho, às 14:30, no cineteatro dos Bombeiros Voluntários de Vila Praia de Âncora, no concelho de Caminha, no distrito de Viana do Castelo.

Segundo Rui Lajes, a sessão contará com a presença da secretária de Estado das Pescas, Teresa Coelho, o diretor da DGRM, José Simão, bem como a Junta de Freguesia, a Associação de Pescadores e a comunidade piscatória de Vila Praia de Âncora, bem como o comandante da capitania de Caminha.

Pescadores esperam rapidez na reconfiguração do portinho

O vice-presidente da Associação de Pescadores de Vila Praia de Âncora, em Caminha, congratulou-se hoje com a apresentação do estudo de reconfiguração do portinho de pesca e espera não ter de esperar 12 anos para a sua concretização.

Contactado pela agência Lusa, a propósito da apresentação pública daquele trabalho técnico marcada para 06 de julho, Carlos Sampaio afirmou que representa “o culminar de 12 anos de trabalho para corrigir as falhas técnicas detetadas após a sua construção”.

“Desde a sua construção, já foram realizadas oito operações de desassoreamento e foram gastos mais de cinco milhões de euros com dragagens. Além disso, os dois molhes do porto impedem a movimentação de sedimentos para o sul da praia da Gelfa, destruindo as dunas dos Caldeirões”, apontou.

O responsável disse esperar que “não sejam precisos mais 12 anos para arranjar dinheiro para a reconfiguração do portinho, porque o mais difícil está feito”.

“Agora temos de arregaçar as mangas e acredito que, juntamente com os pescadores, com os grandes armadores, com a autarquia, provaremos à Direção Geral dos Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM) e ao ministro da Economia e das Finanças que o nosso porto de mar tem capacidade e é estratégico para o concelho. Se sensibilizarmos o Governo vamos conseguir financiamento, obviamente, com o apoio de Bruxelas. Todos juntos conseguiremos”, frisou.

Com a implementação da melhor proposta do estudo, adiantou, “vai ser possível aumentar o número de postos de trabalho, aumentar a frota de pesca e trazer mais barcos”.

“Vila Praia de Âncora tem a maior frota de pesca de espadarte e atum”

“Vila Praia de Âncora tem a maior frota de pesca de espadarte e atum. Atualmente, devido à falta de condições do portinho, os armadores descarregam o pescado, em Vigo, na Galiza. Os impostos ficam todos em Espanha. Temos de criar condições para irmos buscar esse dinheiro”, afirmou.

Em julho de 2021, o então ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, assinou em Vila Praia de Âncora um contrato que permitiu assegurar dragagens até 2023, até à conclusão do estudo de reconfiguração do portinho, financiado pelo programa Mar 2020.

O assoreamento no portinho de Vila Praia de Âncora, que conta com pouco mais de 20 embarcações de pesca tradicional e uma centena de pescadores, é um problema recorrente devido à configuração do portinho, construído há mais de uma década.

Estima-se que a atividade piscatória envolva perto de 200 pessoas em Vila Praia de Âncora, da pesca propriamente dita à venda e ou à restauração.

 
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