A Camélia-japoneira de Guimarães e o Sobreiro da Quebrada, em Arcos de Valdevez, estão entre as 10 árvores de todo o país, que entram a partir de hoje na duas semanas finais de votação de árvore do ano nacional, com a vencedora a representar Portugal na edição europeia do “Tree of the Year 2024”.
A Camélia-japoneira é “plurissecular, localizada nos jardins centenários da Villa Margaridi, referida na documentação medieval, desde o século X, no centro de Guimarães”.
“Integra um jardim histórico e exemplificativo da arte de topiária, que tem valor estético e biológico, destaca-se pelos séculos de talhe cuidado que conduziram a um jogo de volumes, cores e formas geométricas monumentais. Está classificada de Interesse Público (Desp 837/2022, 20/1), juntamente com um conjunto arbóreo e mais 2 exemplares isolados”, pode ler-se na descrição.
Já o Sobreiro da Quebrada tem uma “tradição fúnebre”. Segundo a lenda, “quando falecia algum habitante da aldeia, era cortada uma galha para aquecer o forno onde seria cozido o pão a distribuir pelos vizinhos de terra próximas, que se deslocavam à aldeia para pernoitar a velar o defunto”.
“Por este caráter sagrado junto da população, não lhe podia ser retirada a cortiça, nem o ramo cortado para cozer o pão podia ser demasiado grande, sendo encarada como uma grande anciã que ligava o presente ao passado ou à vida celeste”, refere a descrição.
A votação, ‘online’, termina a 05 de janeiro.
Outros exemplares a votos
Além dos dois exemplares minhotos, é possível votar na Árvore Grande de Alijó (Vila Real), um plátano de 167 anos que faz parte da história local e está presente no brasão da freguesia, na azinheira de São Brás de Alportel (Faro), no cedro gigante de Vila Real ou na nogueira-do-japão que existe em Mafra, Lisboa, há 200 anos.
De Mangualde, Viseu, entra a “Magnólia do Palácio” e de Abrantes, Santarém, a “Oliveira do Mouchão”, de 3.350 anos. Diz-se que os pescadores se reuniam ali e depois iam para os pesqueiros.
Mais velha ainda a oliveira do Peso, em Pedrógão, Vidigueira (Beja), com 3.712 anos, é aquela que pode ser a mais antiga do país.
Muito mais novo, também em Mafra, o “Sobreiro do Rei”, do alto dos seus 385 anos assistiu à restauração da independência ainda pequeno, viu Lisboa tremer, as invasões francesas, e observou a construção do convento e a tapada. Foi classificado como árvore de interesse público em 2000.
No atual concurso, segundo um comunicado da UNAC, foram recebidas 44 candidaturas, tenso sido selecionadas as 10 finalistas. Predominaram, segundo o documento, as árvores em espaço urbano.
“Não se pode proteger o que não se conhece, e as árvores nas cidades para além do valor paisagístico e ambiental que detêm, permitem também à sociedade em geral uma maior proximidade com aqueles que são os nossos ativos florestais basilares, refere a UNAC no comunicado.
O concurso Árvore Europeia do Ano realiza-se desde 2011. É uma iniciativa que todos os anos “consciencializa mais 200 mil pessoas com a natureza, promovendo o cuidado e a preocupação com 16 árvores, a unidade de 16 comunidades locais em torno de uma causa e ainda o orgulho de 16 países na sua herança natural”.
Na edição passada venceu a Polónia pelo 2.º ano consecutivo e novamente com um carvalho.
Portugal já ficou em primeiro lugar com um sobreiro, em 2018. Na última edição ficou no quinto lugar, com um eucalipto.
A UNAC representa os interesses dos produtores florestais do espaço mediterrânico português junto das instituições nacionais e europeias.
A votação numa árvore favorita pode ser feita aqui.
A árvore vencedora será conhecida a 10 de janeiro.